ABRUPTO

11.2.04


AUGÚRIOS

Os antigos acreditavam nos augúrios. Nós não. A noite está cheia deles, como esta luz que está lá fora, vinda de meia lua. Tudo prepara o esplendor celeste dos grandes planetas do próximo mês, mês de todos os augúrios, o mês antes do “mais cruel dos meses”. Será certamente.

Augúrios também no brilho eléctrico do correio. O correio que ninguém transporta, o correio sem carteiro, que chega a qualquer hora. O correio da noite, o correio dos solitários, o que não traz remetente, o que vem vazio para dizer que existe, o das cartas e das cartinhas. Chegou.

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© José Pacheco Pereira
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