ABRUPTO

19.1.04


SOBRE UMA TRADUÇÃO DE CAVAFY

A tradução de Cavafy, que reproduzi no "Early Morning Blogs 117", suscitou muita discussão sobre a sua qualidade e rigor. Várias notas em blogues se lhe referiram (por exemplo no Absorto , na Bomba Inteligente ) , assim como em correspondência que me foi enviada. Recebi igualmente uma cópia de uma carta de um dos tradutores (R. M. Sulis , responsável pelo arquivo.cavafis ), enviada à autora do Bomba Inteligente, e sobre a qual espero os comentários da destinatária original antes de eventualmente a publicar, caso a Carla Hilário entenda não o fazer ela própria.

Por razões de longínqua autobiografia, conheço bem este poema e as suas traduções. Quando Jorge de Sena publicou as suas antologias de traduções, eu trabalhava na Editorial Inova no Porto e acompanhei a sua preparação, provas e correcções. Sobre dois dos autores traduzidos por Sena, Cavafy e Emily Dickinson, tenho correspondência com ele da época. Ora uma das maledicências associadas a Sena era saber de que língua fazia algumas traduções, visto que ele era omisso sobre se sabia grego ou não. Assisti a uma muito interessante discussão privada com ele, em que participou o Eugénio de Andrade, sobre uns poemas de Safo. Sena era uma personagem “larger than life” e quer o conhecimento epistolar, quer pessoal, que com ele tive, a primeira vez que veio a Portugal depois de um longo exílio, dava umas páginas de memórias bem animadas.

Sabendo o carácter “criativo” das traduções de Sena, as traduções do arquivo.cavafis, como aliás as de Magalhães e Pratsinis, feitas directamente do grego, tinham uma tensão verbal que não existia nas mais fluidas traduções de Sena, reconstruídas num português mais fluente porque pouco preso ao original grego. Interessava-me a comparação.


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© José Pacheco Pereira
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