ABRUPTO

8.1.04


EM COMPLEMENTO (Actualizado)



ao que escrevi hoje no Público, não escapa a ninguém que a notícia da Focus vem na mesma sequência de fugas de informação manipuladas. Três nomes escolhidos num álbum que tem mais de cem, para provocar escândalo, com o escândalo garantido na Assembleia da República, para ampliar ainda mais uma estratégia de politização do processo da Casa Pia. É tudo tão transparente.

Espero que, se alguma vez houver uma acusação contra um “político de barbas”, o Ministério Público cumpra o seu dever e mostre a minha fotografia num álbum de “políticos de barbas”. Porque é que não o há-de fazer? Só se não procurar a verdade, nem investigar como deve ser.

Espero em seguida, que essa circunstância, verificada ser irrelevante porque eu não sou o “político de barbas”, seja protegida pelo segredo de justiça, para não permitir que uma opinião popular, que distingue mal as minudências jurídicas, não me meta no mesmo saco dos eventuais culpados. Espero também que os órgãos de comunicação social, que nunca aprendem nada com a milionésima manipulação em que são levados a colaborar, em muitos casos deliberadamente porque sabem o que fazem e querem fazer o que fazem, percebam que não há nada de interesse público em nomear políticos que fazem parte obrigatória de um álbum que é mostrado a uma criança violada e que sabe que o foi por “um político conhecido”. A polícia não cumpria o seu dever se não mostrasse fotografias de políticos conhecidos, ou será que se espera que ela presuma quais são os que podem ser suspeitos ou não? Porquê? Porque são homossexuais? Porque frequentam o Elefante Branco? Porque são solteiros? Porque são diferentes e maus pais de família?

Espero também que um órgão de comunicação social que, sem forte e justificada razão de interesse público, atentasse contra o bom nome de alguém através da violação do segredo de justiça para fins especulativos, tivesse duras penas, como acontece em democracias tão amigas da liberdade e tão consolidadas como a inglesa. Porque, deixemo-nos de subterfúgios, a existência de sanções para proteger um direito constitucional obrigaria à maior responsabilidade de uma comunicação social que, salvo honrosas excepções, chegada a estes momentos decisivos, não mostra nenhuma.

Eu sei que espero demais, mas é assim que deveria ser.

*

Veja-se comentário em Aviz.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]