ABRUPTO

17.1.04


EARLY MORNING BLOGS 117

De há muito tempo que faltava Cavafy na manhã, arrastando um mundo que se vê sempre a acabar como se estivesse a começar, o mundo que se olha com os olhos do fim, mas que não sabemos se está apenas no principio. Quando esse olhar está nas terras certas, onde à frente está o mar, o mar onde tudo aconteceu, o mar dos deuses, o mar de Ulisses , o mar dos náufragos, o mar dos marinheiros, “hei de deter-me aqui”.

MAR DA MANHÃ

Hei de deter-me aqui. Também eu contemplarei um pouco a natureza.
Do mar da manhã e do céu inube
azuis brilhantes, e margem amarela; tudo
belo e grandiosamente iluminado.

Hei de deter-me aqui. E me enganar que os vejo
(em verdade os vi por um momento ao deter-me)
e não também aqui minhas fantasias,
minhas recordações, as imagens do prazer.


[51, 1915]

ΘΑΛΑΣΣΑ ΤΟΥ ΠΡΩΙΟΥ

Εδώ ας σταθώ. Κι ας δω κ’ εγώ την φύσι λίγο.
Θάλασσας του πρωιού κι ανέφελου ουρανού
λαμπρά μαβιά, και κίτρινη όχθη• όλα
ωραία και μεγάλα φωτισμένα.

Εδώ ας σταθώ. Κι ας γελασθώ πως βλέπω αυτά
(τα είδ’ αλήθεια μια στιγμή σαν πρωτοστάθηκα)•
κι όχι κ’ εδώ τες φαντασίες μου,
τες αναμνήσεις μου, τα ινδάλματα της ηδονής.


[51, 1915]

(Tradução de R. M. Sulis, M. P. V. Jolkesky, A. T. Nicolacópulos, em arquivo.cavafis)

Nota: sendo esta atmosfera o que é, muita gente se vai irritar com o grego, muita gente se irrita com o que ignora. Mas há quem saiba grego (não é o caso do Abrupto que tem escassos conhecimentos escolares de grego) e, quando se pode dar mais informação em vez de menos, dá-se mais.

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© José Pacheco Pereira
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