ABRUPTO

22.1.04


BLOGUE SOBRE OS CADERNOS DE CAMUS

Tenho estado a trabalhar na ideia. Reservei no Blogger o nome, embora a escolha da plataforma final possa ser noutro sítio, e com um tratamento gráfico melhorado dada a amável oferta do autor da Retorta. Rust never sleeps.
Há já uma lista de pessoas interessadas em colaborar, incluindo alguns especialistas camusianos. A minha proposta é fazerem-se aqui algumas experiências e depois passar-se tudo, com armas e bagagens, para um blogue autónomo com uma equipa para o moderar, visto que eu não tenho condições de tempo, a não ser para colaborar.

Seguem-se alguns exemplos, abertos ao comentário: três fragmentos do primeiro Caderno, datados de 1935-7. Os textos são tirados da edição francesa da Gallimard, mas no futuro podem-se usar traduções, incluindo a portuguesa (de há muito esgotada) dos Livros do Brasil, colecção Miniatura. Para não infringir os direitos de autor, os textos terão que ser usados fragmentariamente.


*

La civilisation contre la culture.
Impérialisme est civilisation pure. Cf. Cecil Rhodes. “ L'expansion est tout “ - les civilisations sont des ilots - La civilisation comme aboutissement fatal de la culture (Cf. Spengler).
Culture : cri des hommes devant leur destin.
Civilisation, sa décadence : désir de l'homme devant les richesses. Aveuglement.
D'une theorie politique sur la Méditerranée.
“ Je parle de ce que je connais.”



[Hannah Arendt refere-se a esta frase "Expansion is everything" e ao desespero de Rhodes com a sua vontade do todo: "these stars... these vast worlds which we cannever reach. I would annex the planets if I could". Para uma análise desta frase por Arendt veja-se aqui. (JPP)]

*

Pouvoir consolant de l'Enfer.

1) D'une part, souffrance sans fins, n'a pas de sens pour nous - Nous imaginons des répits.

2) Nous ne sommes pas sensibles au mot éternité. Inappreciable pour nous. Sinon dans la
mesure où nous parlons de “seconde éternelle “.

3) L'enfer, c'est la vie avec ce corps – qui vaut encore mieux que l'anéantissement.


*

Etre profond par insincerité.

[A discutir: a mentira é da natureza do humano. Aliás, a mentira é, por sua natureza, profundamente social. Nenhuma sociedade sobreviveria sem a mentira, porque a mentira protege. Mas os homens estão cada vez mais a permitir a generalização de tecnologias da “verdade”, sem perceber a disrupção que elas provocam. Telemóveis com GPS, com câmaras que filmam em tempo real. Continua a ser possível mentir com todos esses mecanismos, mas torna-se tecnologicamente mais difícil. Haverá excluídos da mentira, prisioneiros da verdade, com uma vida social mais pobre? (JPP)]

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]