ABRUPTO

5.11.03


O VALOR DA PALAVRA (Actualizado)

no século XIX era maior do que no século seguinte. Da palavra oral e da palavra escrita, principalmente em panfletos, jornais e correspondência. Em particular nesta última. No século XX, a palavra começou a ser gritada pelos altifalantes (como sempre tenho insistido, fascistas e comunistas “modernizaram” a propaganda e definiram o padrão do uso fetichista da palavra), e a perder significado, a não ser como uma ordem, brutal ou subliminar.

Tenho estado a ver (em DVD) uma magnífica história da guerra civil ,realizada por Ken Burns, feita apenas por palavras da época, lidas sobre fotografias ou paisagens. Palavras de gente célebre e de homens comuns. O efeito é poderoso. As coisas fabulosas que homens como Lincoln disseram, com uma mistura de verdade íntima, de afirmação moral e um leve toque de retórica, ou apenas de pensar bem e falar melhor. E não é preciso quase mais nada para percebermos a queda progressiva da União na violência, o dilacerar completo dos estados, os dilemas morais poderosos de gente que os tinha, mesmo na crueldade, mesmo sendo cruéis. Como é que foi possível continuar uma nação, reconstituir um patriotismo, que é o principal elemento de identidade de uma nação, depois do que aconteceu?

De facto, as palavras chegam para nos transmitir essa complexidade, porque por detrás delas está muita vida. Muita vida má.

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"Cá só chega em desproporção a má América. Há também a América de "viewers sponosored tv" (PBS) sem cabo onde passam documentários como os de Ken Burns. (...) Ainda não vi o trabalho realizado por ele sobre a história do Jazz, mas espero um dia poder comprar. Tenho também alguma curiosidade pelo filme que ele fez sobre Lloyd Wright."

(Nuno Figueiredo)

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© José Pacheco Pereira
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