ABRUPTO

19.11.03


ESTRASBURGO. UM DIA (Continuação)

Volto à pátria por via televisiva. Procuro notícias, o telejornal, encontro um programa da RTP Internacional ainda mais bizarro do que o costume. Um filme português do tempo do PREC, que apanho no fim, numa cópia de tão má qualidade que quase nada se via no ecrã. Depois uma sucessão caótica de pequenos filmes sem nexo: uma Contra-Informação, uns spots musicais, um do Luís Represas, uns filmes turísticos sobre Portugal profundo, uns reclames repetidos n vezes sobre como era boa a televisão pública, outros sobre o "futebol de interesse público", quatro vezes o anúncio do programa do Francisco José Viegas. Parecia que alguém tinha deixado bocados de filme em piloto automático durante quase três horas. Nem uma palavra sobre quando é que passaria o telejornal, nem o que se passava com a programação. De repente, out of the blue, às 23,53, o telejornal.

Vim depois a saber que a RTP estava a transmitir um jogo de futebol, o enésimo, para Portugal, e a RTPI enchia o espaço com o que algum funcionário preguiçoso encontrava em arquivo. Nenhuma explicação, nenhum texto dizendo a que horas haveria programação normal, o que se estava a passar. O jogo, por sua vez, entre Portugal e França, era invisível aos emigrantes portugueses em França - eis o "futebol de interesse público". A completa falta de respeito da televisão pública para com os emigrantes. Inimaginável.

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© José Pacheco Pereira
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