ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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13.11.03
EARLY MORNING BLOGS 79
(Tardiamente colocados devido à manutenção do Blogger.) De novo, à volta do Iraque, começam os sinais de intolerância, crescem as palavras, sobe o tom de voz. Não vão ser tempos fáceis, com tantas razões em cima da mesa e com tudo em aberto, o que quer dizer tudo dependendo da luta política pela opinião. Este é um daqueles momentos malditos da história em que os lados se impõem, em que o centro é destruído. Não há centro na questão do Iraque, não há equidistância. Há atitudes de distanciação, há centramentos fora do vórtice do conflito, há posições humanitárias, há actos de dedicação às vítimas, mas não resultam como factores de distanciação. Estamos condenados ao compromisso, mesmo quando o recusamos. Não será como na guerra de Espanha ou do Vietnam, em que parecia haver dois lados, e combater um era enfileirar noutro. Aqui é mais complicado, ninguém cabe verdadeiramente em nenhum dos lados, mas é empurrado para um deles. Quando se fala, a favor ou contra, acrescenta-se legitimidade e força a um dos lados. Tudo o que eu digo, queira ou não patrocinar as asneiras dos “meus”, prende-me nelas. O que outros dizem, queiram ou não, prende-os aos “seus”. Não adianta esconjurar este efeito. É por isso que cresce a intolerância, porque é um combate, é um combate cruel com mortos e feridos e destruição de tudo, material e espiritual, e esse combate mobiliza reservas morais que são intolerantes na sua essência. Eu tenho um lado, mas ninguém me ouvirá dizer que este é o lado de Deus, como na canção de Bob Dylan. Mas ouvir-me-ão dizer que este é um lado dos homens, do modo de vida que escolhi (escolhemos), de uma precária mas identificada civilização (a palavra é adequada) que já mostrou o que vale e que não vive do terror, nem da violência, mas da procura da conciliação de interesses e modos de vida. Nenhuma outra civilização me dá as liberdades e a possibilidade de felicidade que esta me dá, a mim e, potencialmente, a todos os homens. Não estou certo de tudo, mas das duas frases anteriores estou inteiramente convicto. (url)
© José Pacheco Pereira
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