ABRUPTO

5.10.03


PALAVRA DE HONRA

Um homem que dá a sua palavra de honra é como um homem que jura: as suas palavras valem mais do que palavras, são um acto decisivo em que ele coloca como penhor de si próprio, e da veracidade do que diz, a sua identidade. É um acto grave e sem retorno. Eu sou da escola em que se acredita quando alguém fala assim.

(O Latinista Ilustre lembra e bem que, mesmo no estado republicano e laico, esta afirmação da palavra tem valor jurídico.)

Reconheço que vivemos num mundo que tão pequeno sentido dá a estes valores (até porque muitos os desrespeitam com a boca cheia de grandes palavras) que, quando um homem, goste-se ou não, enuncia que a sua palavra é a sua honra parece uma trivialidade ou um expediente. Eu sinto um calafrio porque naquele momento é ele o forte e eu o fraco nas minhas dúvidas.

Posso estar a ser enganado e o homem que invoca a sua honra não a tem? Sem dúvida, mas prefiro pagar esse preço para que os homens possam continuar, intactos, a nomear a sua honra como último penhor. A civilização é feita destas coisas.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]