ABRUPTO

2.10.03


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

A correspondência e a colaboração dos leitores permitiam fazer um blogue ao lado. Entre os temas que suscitaram mais correio, encontra-se a questão do Muito Mentiroso, seu significado e seu fim, as propinas e a obsessão higiénica dos protestos, e a questão europeia. Logo que possa, vou ver se consigo fazer uma síntese das opiniões recebidas, organizada por estes temas. Vou também tentar, ao fim de semana, tornar regular este “Abrupto visto por…”

SOBRE ESTA PEDRA

Sobre Aquela Pedra não se senta, hoje, Pedro mas João. Este Papa é uma das figuras marcantes do último quartel do século XX e, porventura, ainda do XXI.
Foi protagonista e espectador dos acontecimentos da época referenciada; talvez mais protagonista que espectador.
Não analisarei aqui aspectos espirituais nem teológicos, pois não disponho de cultura nem formação para tal. Contudo, como homem que acompanha os ventos da história, filtrados pelo que os “media” querem que eu conheça, tenho algumas opiniões que gostaria de partilhar consigo.
O papa protagonizou (protagoniza) um conceito de ecumenismo alargado, sem atender a credos nem raças, como talvez nenhum outro o tenha conseguido fazer. Sob o lema de divulgador do evangelho peregrinou pelo mundo inteiro, deixando uma mensagem simples: o amor pelos outros, quer dizer a paz, quer dizer uma maior justiça social.

Foi tão simples passar a mensagem. Mas será que conseguiu?
Parece que não, porque nós os homens gostamos de ouvir (nestes tempos ver o espectáculo de como, quem e onde se diz é um “valor” da nossa sociedade), mas normalmente só ouvimos e não elaboramos sobre o que ouvimos.
Contudo, o Papa insiste na mensagem.

A lucidez e a clareza com que o faz, contrastam com a tibieza dum corpo frágil.
Mostra aos “olhos do mundo” a decadência do físico, num crescendo que nos sensibiliza e que, penso eu, nos recorda o que acontece aos outros, talvez só aos outros. Não sei se pode ou quer renunciar, mas não creio em tal.

Para terminar direi que, neste aspecto, é um exemplo. Acredita no que diz, faz da palavra uma arma de amor. Será que nós, os outros, conseguiremos acreditar no que dizemos? Ou só dizemos?”


(Rui Silva)

SOBRE O GALEGO: “A DELICADA CAMELIA DA NOSA FALA

Extracto de um artigo publicado por Fernám Velho no dia 1/10/2003 intitulado “A delicadeza do idioma” :

A delicada camelia da nosa fala verá ferido o seu corpo e a súa beleza polo salitre escuro dun derradeiro inverno. Non hai moito soubemos que por primeira vez en Galiza o número de persoas maiores de 65 anos, a maioría falantes en galego, superaba o número de menores de 15, a maioría falantes en castelán. E do mesmo xeito soubemos que esta Nai Terra de noso presenta xa unha das taxas de natalidade máis baixas do mundo.

Aquel sabio que foi Florentino López Cuevillas chegou a referirse ao pobo galego como "pobo estraño'': un pobo que fai todo o posíbel por desaparecer e que -velaí o seu drama- non o consegue. ¿Que aconteceu no país que un día, na alta flor medieval, foi monolingüe en galego e tivo a máis alta proxección en Europa con Santiago de Compostela como unha das principais capitais culturais de Occidente? Se deixamos agora que a auga esborralle o castelo de area (o idioma), comezaremos a ser nada. Seremos devorados polo mar do esquezo. Seremos a penas o túmulo resultante do noso propio fracaso.”



NOMES DOS AVIÕES

E porque não baptizam os autocarros? Em vez do 21, podia ser "vou apanhar ali o Eça". Ou melhor, para não haver a possibilidade de esquecimento do nome, "vou ali apanhar o Zé Maria". ;-)”

(Nuno Figueiredo)

UM TEXTO DE RUSHDIE

Voltei a descobrir um texto do Salman Rushdie que não via há alguns anos. Foi escrito antes do ataque aos EUA, da recente guerra contra o Iraque e Afeganistão. É um texto político, mas também (e ainda bem) literário, uma carta escrita por Rushdie ao bébé número 6 mil milhões que nasceu no nosso planeta, sobre como crescer longe dos moralismos dogmáticos. Queria partilhá-lo com alguém que se interesse por ideias, por isso aqui vai....”

(Cláudia)

LOMBADAS DOS LIVROS

o que me faz escrever hoje é um fait divers. falo das lombadas dos livros. quando "browsamos" por uma livraria fora, dobramos ligeiramente o pescocinho para a esquerda para ler as lombadas dos livros em parada.de repente, somos acordados naquela viagem porque algumas lombadas têm o texto a ler ao contrário. se os editores soubessem como isso é perturbador..."

(Eduarda Maria)

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© José Pacheco Pereira
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