ABRUPTO

3.10.03


AS NOSSAS ELITES

"Nas universidades, está-se no início do ano escolar, pelo menos no que diz respeito aos alunos do primeiro ano. E, consequentemente, está-se na época da recepção ao caloiro. Trata-se de um espectáculo degradante que deveria ser obrigatório para todas as pessoas que não se cansam de apregoar a «generosidade» da juventude. Talvez ficassem vacinadas para toda a vida, a menos que adoptem o ponto de vista de Miguel Portas, segundo o qual as recepções ao caloiro são encorajadas pelo docentes universitários com o objectivo de inculcar o mais cedo possível nos novos alunos terror e subserviência para com os seus superiores hierárquicos.

Quando observo as recepções ao caloiro lembro-me frequentemente do castigo medieval que consistia em manter uma pessoa presa num local público, de modo que quem passasse poderia dirigir-lhe insultos, lançar-lhe excrementos, etc. A diferença é que os caloiros não estão fisicamente presos; são, isso sim, vítimas de coação psicológica. Acima de tudo, não consigo deixar de pensar que os estudantes que gastam tempo e energia a fazer isto aos caloiros em vez de os ajudarem a adaptar-se a um ambiente totalmente novo são provavelmente os mesmos que protestam por o governo não investir o suficiente nas universidades
."

(José Carlos Santos)


"Na Sexta fui-me matricular na Faup (Faculdade de Arquitectura da U.Porto) e....mesmo antes de saber a módica quantia que temos a pagar de propinas...deparei-me com um “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”:
Ao longe via apenas a agitação própria de mais um dia de matriculas.
No átrio...tudo mudou: repentinamente os meus olhos são assaltados por uma aterradora visão negra. Por momentos julguei ter-me enganado na faculdade...senti-me atordoado: morcegos!! Aquilo a que, apesar de tudo, me habituei a chamar de Escola, estava agora invadida de morcegos saltitantes que se passeavam irritante e alegremente perante os meus olhos indignados. Apesar do meu estado de revolta interior, bastante visível exteriormente, todos pareciam lidar naturalmente com a situação.
Entrei na livraria para comprar os impressos e lá estavam eles “ajudando os caloiros” a preencher papelada: após anos de clandestinidade deliberada, surgem como cogumelos com suas pastinhas negras a pregar os “valores da tradição”. Onde estavam eles no passado? Escondiam-se, porquê?
Aqui a tradição é outra...!!!ou pelo menos era.
A liberdade de expressão e o direito à diferença é um valor que muito prezo...HAJA LIBERDADE ATÉ PARA O HISTORICISMO E A ESTUPIDEZ!
Apesar da abertura de espírito e tolerância que devemos ter... não consigo ser indiferente a mais um corte nos elos que nos uniam à ESCOLA. ESCOLA DO PORTO_ “(...) dos atelieres, às tascas, à escola, um certo estilo de estar juntos, a solidariedade anti-burguesa, mais nos gostos, uma atmosfera culta e progressista como se podia no Porto, ao som da banda de música no coreto de S.Lázaro com gosto a doce da Teixeira.(...)” António Quadros
"

(Luís Reis)

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