ABRUPTO

4.10.03


ANOS SESSENTA

Na entrevista que deu ao Público, a propósito do seu livro passado nos anos sessenta, Olivier Rolin diz :

Quando tínhamos 20 anos a felicidade não nos interessava profundamente…”

o que é, para a época, uma grande verdade.

O problema é que não era só a nossa, mas também a dos outros, que “não nos interessava profundamente”. O que nos interessava, aos estudantes e intelectuais, era a lógica fria das ideias, por isso pouca importância se dava ao sofrimento que essas ideias causavam nas pessoas comuns. A atracção dos intelectuais no século XX pelo comunismo tinha a ver com esse último conforto das ideias: vê-las desfilar “organicamente”, ou “dialecticamente”, ou “empurradas pelo vento da História” em função do que pensávamos, mesmo que, sob os “pés” das ideias, estivessem muitos mortos.

Única e importante diferença em Portugal (como na Espanha ou na Grécia): havia uma ditadura, logo uma moral de “resistência”. Noutra altura falarei dessa diferença.

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© José Pacheco Pereira
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