ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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20.9.03
MATÉRIA INFECTA
A atitude correcta face ao Muito Mentiroso (MM) seria desde início não lhe ligar, deitá-lo ao lixo, como uma carta anónima. Eu fiz essa comparação logo de início, mas já não tem sentido. O MM está hoje publicado para milhões e é visto por muitos milhares. Seria aliás praticamente impossível que fosse doutra maneira, por razões que têm a ver com o tipo de populismo e demagogia que se vai tornando dominante em, todos os aspectos da vida pública. Por isso, mais vale discuti-lo que ignorá-lo. Primeiro, a boa regra é que o que é crime lá fora (no mundo real), é crime cá dentro (na rede). Segundo, o MM não é um blogue e não deve ser tratado como tal. Usa a forma do blogue, como podia ser uma página da rede, um e-mail anónimo. Tratá-lo como um dos nossos, transviado que seja, não tem sentido nenhum. Terceiro, não contem informação, por isso não tem sentido falar de censura. Quarto, uma Internet em que este tipo de operações ficassem impunes – no meio de um processo com a delicadeza e os interesses em jogo do da pedofilia – tornar-se-ia um meio mais selvagem do que o mundo comunicacional clássico. Não podemos queixar-nos da falta de deontologia dos media e depois aceitar o vale tudo somente por que se passa na Internet Quinto, apliquem sempre a vós mesmos a receita do MM. Gostavam de ver os vizinhos a salivar com todo o tipo de insinuações, a vossa mãe ou mulher ou namorada ou filha (ou o exacto oposto masculino), a vossa família, os vossos amigos, a serem envolvidas numa teia destas? A irem na rua e ouvirem o murmúrio por detrás? A chegarem a um sítio e a serem olhados com a ironia de quem pensa que sabe algum segredo perverso, porque leu ou lhe contaram? Só acontece a figuras públicas? A maioria das pessoas citadas pelo MM não são figuras públicas, mas gente cujo nome se tornou público por causa do processo da pedofilia, sejam culpados ou inocentes ou coisa nenhuma. A indiferença face aos danos provocados nessas pessoas, apenas em nome da nossa curiosidade mórbida, é uma atitude socialmente irresponsável. (url)
© José Pacheco Pereira
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