ABRUPTO

7.9.03


FLASHBACK

Embora falando em causa própria, e antes da eventual migração do Flashback para fora da TSF, há um aspecto em que penso o programa ter sido único – o facto de não ter sido renovado, a não ser por motivos de força maior, o de ter permanecido igual durante tanto tempo, o facto de não ter novidades, de ser previsível, de toda a gente que o ouvia conhecer bem o estilo de cada um dos intervenientes e as suas posições.

É significativo que nos blogues de jornalistas (como o Glória Fácil) o programa tenha sido criticado exactamente com os mesmos argumentos que a actual direcção da TSF usou: a necessidade de “renovação”. Ora é isso que penso constituir um dos seus aspectos mais originais e um elemento do seu sucesso num horário muito difícil, domingo ao fim da manhã. Sim, porque o Flashback tinha uma audiência acima da TSF (vejam-se os números publicados na última Focus, TSF 0,3 , Flashback 0,9) e nenhuma razão de audiência justificava o seu fim .

Um dos aspectos dos mecanismos mediáticos de hoje é a contínua produção de novidade. O Flashback contrariava essa lógica com uma continuidade de mais de uma dezena de anos. Exactamente por isso funcionava de outra maneira, pela habituação, pelo “crescer com”, que tantas cartas que recebi referem como tendo marcado os seus ouvintes, pela identificação de sectores do público com A ou B ou C dos seus intervenientes. Para além disso, é uma fórmula difícil de repetir: leva pelo menos dez anos a ter um produto semelhante.

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© José Pacheco Pereira
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