ABRUPTO

28.9.03


ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

CASA DA MÚSICA :

Sei que e do Porto e que gosta do Porto. E quer se goste da Casa da Musica, quer não, quer se gostasse mais da velha Central de Eléctricos quer não, construir um edifício de 7 andares atras dela e uma aberração. Se Ginestal Machado (arquitecto responsavel pelo projecto do edifício o BPI) efectivamente respondeu a Koolhaas como noticiou o Publico, recusa a discussão do seu projecto com o arquitecto da Casa da Musica. Com "janelão" ou sem "janelão" (ideia que so de nos!), o edificio vai ser um desastre.
A questão e, basicamente, pode-se fazer alguma coisa contra a construção do edifício? Ou vai-se construir mais uma coisa que se acha uma aberração, mas "já não se pode parar" (como tantas aberrações pelo pais fora)? Como não sei a quem perguntar...


(Ana Aguiar)

ENCERRAMENTO DOS CHATS DA MICROSOFT:

"Acho que este é um assunto importante e interessante. Estou indignado como a notícia foi debitada nos telejornais e nos jornais sem qualquer reflexão. Fechar chat rooms não é a solução para a criminalidade online. As empresas têm que ser responsáveis e investir em formas de proteger os seus utilizadores. "

(Nuno Figueiredo)

FALARES GALEGOS:

Artigo de Carlos Durão no Semanário Transmontano , 23/09/2003

Acostuma dizer-se que, a norte da raia, “fala-se galego”. De facto, “o galego” (“el gallego”) é hoje reconhecido pelas autoridades espanholas, que o consideram língua “própria” da Galiza (para elas “Galicia”), ao mesmo tempo que “lengua también española”, como p.ex. na Constituição espanhola ou no Estatuto de Autonomia da Galiza. E as “autoridades” linguísticas espanholas têm feito os máximos esforços por “provar” que essa língua falada a Norte da raia, que é cooficial com o castelhano, não tem nada a ver com a que se fala a Sul da raia, que é oficial no Estado português. Ora, a realidade é que a verdadeira língua oficial da Galiza é a espanhola, que é a língua que abrange todo o Reino de Espanha. E “o galego” são de facto “os galegos”, os falares, falas ou dialetos galegos da Galiza oficial (as quatro províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Ponte Vedra) e mais da Galiza chamada “exterior” (Návia, Berzo e Seabra, comarcas ocidentais das Astúrias e de Leão), ou seja os dialetos portugueses do Norte da raia, em geral tanto mais castelhanizados quanto mais distantes dela. Para esses dialetos, as autoridades espanholas inventaram uma “ortografia” espanhola, que reflite uma “ortofonia” também quase espanhola (quer dizer adatada à fonética dos hispanófonos galegos), e tornaram-na obrigatória nos centros de ensino e nas edições subsidiadas, banindo a ortografia e ortofonia realmente próprias da língua, ou seja portuguesas: esta é a posição dita isolacionista, obediente às diretrizes dum partido político de âmbito estatal.

Existem, claro, dissidências, grupos minoritários e independentes do oficialismo, que não estão dispostos a aceitar este “facto consumado” e que procuram falar e escrever bem o português, considerando que une e dá coesão a todos esses falares, e nos relaciona cabalmente com o resto da Lusofonia, quer dizer que é a norma culta da nossa língua. Naturalmente esses grupos são sanhudamente perseguidos e banidos do ensino e dos subsídios oficiais (como, aliás, nos melhores tempos da ditadura franquista). Mesmo assim, conseguem manter uma presença social muito superior ao seu número, publicando livros e revistas, celebrando congressos, seminários, etc., que nos derradeiros vinte anos têm alertado a sociedade galega para o perigo da espanholização e exercido certa pressão nas opções filológicas até dos próprios isolacionistas. Há ainda uma posição intermédia, digamos quase lusógrafa mas não lusófona, ainda muito dependente do espanhol na grafia, na fonética e na morfologia e sintaxe, que parece ter certas esperanças de ser aceite ou pelo menos tolerada pelo oficialismo. Os seus utentes, embora digam que a sua posição é temporária e que está a caminho do alvo final português, de facto cada vez mais ficam estacados num imobilismo cómodo ou docilmente submetidos à política linguística dum partido, e ainda pretendem “exportar” os seus produtos ao mundo lusófono, sem reparar que estão a criar confusão entre as pessoas lusófonas de boa vontade que realmente querem ajudar a Galiza na recuperação da sua língua.

O que fazer? Certamente nós, a Norte da raia, temos muito que fazer para ampliar essas minorias críticas e continuar consciencializando as pessoas. Mas a Sul da raia também os nossos irmãos transmontanos e minhotos muito poderiam fazer para alentar a língua portuguesa na Galiza e recusar tanto o isolacionismo oficial como essas meias-tintas gráficas e fonéticas, que afinal são mau português, e insistir num padrão correto para a nossa língua, seja ele o que se continua a empregar em Portugal ou o do ainda não ratificado Acordo da Ortografia Unificada de 1990, no que está explicitamente reconhecida a participação da Galiza
.”

MEMÓRIA DA ESCOLA:

A primeira tem uma ligação com a escassa produção de materiais de arquivo que permitam fazer a arqueologia dos processos de decisão dos partidos políticos. Falo dos processos de decisão em muitas escolas. Quem for consultar e ler as actas de muitas reuniões (sobretudo nos conselhos de turma) encontrará uma outra realidade. Aqui temos documentos, materiais de arquivo. No entanto, muitas vezes não nos dizem o que realmente se passou. Tudo porque a legislação obriga a que se façam coisas impossíveis. Eis dois bons exemplos:
- planos curriculares de turma que "articulem" os conteúdos de todas as disciplinas e sejam adequados à especificidade de cada turma;
- planos individuais de recuperação dos alunos, com estratégias que não se colocarão em prática porque todos sabem que o aluno só se recupera se estudar e isso ele dificilmente começará a fazer.
Unicamente, a realidade das escolas, das turmas, dos professores, torna estas acções impossíveis. E como não é possível fazer, não se faz, mas como a lei manda que se faça, então que se registe em acta. Não se fez, mas se está na acta, está bem
.”

(Paulo Agostinho)

ESTADO PROVIDÊNCIA VISTO PELOS DE BAIXO:

Volto de novo à escola. Dei aulas nos últimos seis anos (este ano está mais complicado obter colocação, infelizmente) e foi sempre elevada a percentagem de alunos subsidiados, com excepção da turma do ano de estágio, que era de um centro urbano (Coimbra). Assim, estes alunos recebem livros, refeições grátis ou a preços mais reduzidos e materiais escolares.
Muitos materiais são fornecidos de forma arbitrária, pois a meio de um ano lectivo vi serem entregues cadernos novos e meia dúzia de canetas de várias cores que rapidamente davam origem a um estranho mercado paralelo de venda desse material escolar entre os alunos, pelo que se depreende que não lhes fazia falta. E vi alunos deitarem fora o caderno que usaram até aí (com as lições nele registadas) porque receberam um novo. Mas há duas coisas que mais chocam. A primeira é a impunidade com que alguns alunos destroem material e desperdiçam a comida que lhes é dada. Partir as réguas, vender as canetas, rasgar as folhas dos cadernos, perder os livros, utilizar o pão para batalhas nas cantinas e maçãs e laranjas para jogos de futebol são alguns exemplos. Creio que só na Madeira estas atitudes dão origem ao corte do subsídio. Por cá o acto fica, geralmente, impune. E assim não se transmitem os valores que as escolas tanto apregoam. A segunda situação chocante é o número esmagador de alunos subsidiados que têm telemóvel. E falo de alunos de 12 a 14 anos (os últimos anos da escolaridade obrigatória), não de adolescentes quase na maioridade. Será uma necessidade? Se mesmo nos adultos muitas vezes não o é, muitos menos será no caso das crianças. Mas eles lá estão, em cima das secretárias, a tocar nos corredores e nas salas, a anunciar mensagens ou "toques".
Estes exemplos são sintomas de erros e injustiças na atribuição dos subsídios escolares. E uma má lição de vida para as crianças. "


(Paulo Agostinho)

SOBRE PEDREIRAS:

Uma crítica bastante fundamentada à minha nota no Abrupto em Portugal Profundo.

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© José Pacheco Pereira
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