ABRUPTO

20.6.03


O REINO DAS FRASES CURTAS

Dedicado ao Posto de Escuta

Lukács (cito de memória) gabava-se dos seus textos serem difíceis de citar como se fosse um mérito. Dizia ele que o pensamento racional, racionalista, como era argumentativo não se prestava à citação curta, precisava de espaço para se explicar. Confrontava-se assim com Nietzsche, citado com facilidade exactamente por ser o paradigma da irracionalidade. O fulgor estético de Nietzsche quase que incitava à citação da frase curta, que aparentemente diz tudo, e, para Lukács, não dizia nada.

Para o argumento não vale comparar a autoridade de Lukács com a de Nietzsche, ganha sempre Nietzsche. Não sou da escola de Lukács, nem concordo inteiramente com ele (mas quem me manda citar Lukács nestes dias, já era “passado” quando eu o li … e só serve para confirmar as suspeitas do estalinista lurking inside me, like the Thing) mas , nestes dias de soundbyte, de “frases do dia”, vale a pena pensar no que “não passa” lá fora e aqui, no Reino das Frases Curtas. Do que não cabe.

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© José Pacheco Pereira
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