ABRUPTO

30.6.03


A DESTRUIÇÃO DE PORTUGAL

Como vivo numa aldeia, tenho que fazer parte da viagem para Lisboa por estradas e caminhos mais ou menos secundários, ou caminhos que foram importantes , como a antiga EN 1, e agora estão um pouco abandonados de tudo menos de trânsito. É um espectáculo confrangedor a destruição da paisagem, a partir das estradas para dentro, para os campos que sobram. Restaurantes manhosos, casas, fabriquetas, uma nova praga que são uns stands de automóveis, camiões, máquinas ao ar livre, crescendo todos os dias de uma forma anárquica, tornando irrecuperável parte imensa de Portugal. Tudo mergulhado no lixo, na sucata, nos melões em tendas à beira da estrada, no pó, nos montes de entulho deixados por todo o lado.
E cada vez é pior, e este é o sentido para onde vamos. Cada vez é pior.

Agora vou apanhar mais um avião, fazer mais uma corrida, mais uma viagem, como nos carrinhos de feira e, com o céu limpo, durante vinte minutos, ver a destruição por cima, sob a forma das pedreiras ferindo tudo o que é monte ou colina, alastrando de castanho amarelado no meio do verde, às dezenas e dezenas entre Lisboa e Coimbra. Faz pena.
Se alguém fizer, ou se já existir um movimento contra as pedreiras, contem comigo.

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© José Pacheco Pereira
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