ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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19.6.03
CIDADES MORTAS
Já há algum tempo que estou a ler o livro de Mike Davis, Dead Cities . É um conjunto de ensaios, pelo que umas vezes leio um, depois outro. Davis ficou célebre quando escreveu City of Quartz , um livro premonitório para compreender os tumultos de Los Angeles. O tema do livro é a destruição apocalíptica das cidades, a “morte” das cidades, uma questão que me interessa e sobre a qual escrevi a propósito de uma introdução às Lamentações, tidas como sendo de Jeremias. A destruição de Jerusalém é o modelo dessas “mortes” reais e simbólicas, uma constante na nossa tradição ocidental. Vulcões, inundações, bombardeamentos aéreos, tumultos, saques onde não fica pedra sobre pedra, terra salgada (Cartago), explosões, hecatombes, ar envenenado, incêndios – são a matéria deste livro. O que se percebe muito bem é a adequação do nosso viver urbano à destruição apocalíptica, como se percebeu no 11 de Setembro. Torna-se fácil. Porque será que já ninguém se lembra do 11 de Setembro? Fiz uma rápida pesquisa com o Google nos blogues de língua portuguesa e contam-se pelos dedos de uma mão os portugueses que se lhe referiram. Pelo contrário, nos brasileiros, são centenas e centenas de observações. Mesmo deduzindo-se que há muitos mais blogues no Brasil e alguns contemporâneos do 11 de Setembro, não chega. É mesmo do que se pensa e do que se discute entre nós. Aponta para um padrão de interesses e desinteresses. (url)
© José Pacheco Pereira
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