ABRUPTO

6.5.03


Rio , o Porto e o futebol.

Percebo bem demais as dificuldades que tem Rui Rio em manter uma posição de princípio face à continuada tradição de promiscuidade entre a política e o futebol . O futebol tem um papel excessivo e pernicioso na nossa vida pública e esse papel é hoje ainda mais reforçado pela quase obsessiva presença que tem nos órgãos de comunicação social . As pressões sobre quem tenha as posições como as de Rio são imensas e os “conselhos” são cómodos de dar à distância , difíceis de seguir quando se sente interiormente que segui-los é muitas vezes trair uma voz íntima que as pessoas integras nunca devem perder .
Mas que deve ser muito difícil nalguns momentos , é-o certamente e admito que às vezes não se saiba bem o que fazer . No entanto entre ser rígido e mole nestas ocasiões prefiro ser rígido , porque moles há que basta , e a moleza é mais do nosso desgraçado carácter .
Eu sou do Porto , da cidade e , se clube tenho , é aquele . Também estou contente pelos resultados . Mas o que está em causa tem pouco a ver com o futebol e a alegria dos portuenses pelo seu clube , tem a ver com o lugar da política em democracia , com o lugar da política em Portugal , onde tudo puxa para baixo , para relações de alarvidade e de força , de trocas de favor e influência , de grosseria e emoções colectivas excitadas .

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© José Pacheco Pereira
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