ABRUPTO

16.5.03


ASTROLOGIA "PUBLICA" 2

A propósito da questão da astrologia “pública” (ver post anterior ) fica aqui um excerto de uma “oração de sapiência” que fiz e que permanece inédita e em que me refiro às “duas culturas” :


Outro dos grandes obstáculos para se adquirir uma cultura geral capaz é a absurda tradição, também filha do nosso atraso, de considerar que é "cultura" apenas o que pertence ao domínio das humanidades clássicas. Em Portugal um político pode ser considerado "inculto" por não saber o número de cantos dos Lusíadas - que é suposto saber-se mas não é tão importante como tê-los lido, ou parte deles, - ao mesmo tempo que muitos que sabem o número de cantos dos Lusíadas acham que são cultos mesmo que não percebam o que é a inércia ou a Segunda Lei da Termodinâmica. O desprezo pela ciência, leva a que alguém possa ser considerado culto, sem ter a mais pequena noção como funciona um rádio. E que não se pergunte como é possível entendermo-nos com o mundo sem saber olhar para o céu e saber o que lá está, ou não ter a mínima ideia porque razão é que as formigas não se afundam (ou os barcos) ou de como é que um avião voa ou um gato vê no escuro, ou porque é mais fácil tirar a pasta de dentro de uma pasta de dentes a torna-la a por lá, ou porque é que o tempo anda sempre para a frente. Tudo coisas completamente triviais e acima de tudo bem pouco complicadas para se saber.”

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© José Pacheco Pereira
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