ABRUPTO

6.4.12


COISAS DA SÁBADO:   A ESPIRAL DO DESEMPREGO 

O desemprego era inevitável no actual contexto de crise? Era. Tanto desemprego era inevitável? Não era. Entre uma frase e outra vai todo um abismo, e esse abismo é de responsabilidade do governo que parece ser bastante indiferente ao crescimento do desemprego, confundindo uma inevitabilidade com outra. O problema é que exactamente porque estamos a atravessar uma grande crise deveria haver uma prudência muito especial em somar legislação cujo efeito, esse sim inevitável a curto prazo, é aumentar o desemprego, sem garantir qualquer retoma económica. Por isso, mesmo aprovando alguma legislação que racionaliza e flexibilize o mercado da mão-de-obra, deveria haver uma enorme prudência na sua aplicação no pico da crise, onde os seus efeitos de perturbação social e de recessão são maiores do que as suas vantagens. Podia inclusive prever-se uma moratória para certos efeitos de imediata incidência legislativa na facilidade de despedir. Até porque quem quis salvar as suas empresas despedindo, já o fez. Porque os 15% actuais, bastante abaixo do desemprego de facto, são todos resultado de despedimentos ANTES da nova legislação laboral. Imagine-se como será depois.

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© José Pacheco Pereira
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