ABRUPTO

9.3.12


COISAS DA SÁBADO: NEVOEIRO DA GUERRA 


 Isto está confuso. À data em que escrevo, os temas de “actualidade” nacional são dominados pela saga do Ministro da Economia versus o Ministro das Finanças. Não me interessa particularmente, é um conflito secundário, resultante da hegemonia nestes tempos das finanças sobre a economia. A interpretação extremista do memorando da troika, o tal de que se dizia ter virtualidades para permitir o desenvolvimento económico, conduz a essa prioridade e o Ministro das Finanças é o seu fiel depositário. Depois, numa pequena parte, é também o resultado dos megaministérios ingovernáveis que resultaram da demagogia populista dos primeiros dias de governo. Outro tema recorrente são as faltas, de medicamentos, de pessoal, de pagamentos a horas, de dinheiro por todo o lado. A concentração dos problemas com o fornecimento de medicamentos ou de compressas para as operações por falta de pagamento, mostram a dimensão dos problemas na área da saúde. Também não surpreende, era tudo tão previsível. O nosso quotidiano não tem nenhum mistério e vai continuar assim por muito tempo. Vivemos os “tempos interessantes” da maldição e descobrimos todos os dias que eles não têm interesse nenhum. A história torná-los-á interessantes, só que nessa altura já estamos todos mortos. Mas se olharmos mais fino, no interstício destes dias luminosos, está um nuvem espessa, aquilo que os militares chamam o “nevoeiro da guerra”. Sim, porque o que torna estes dias “interessantes” como na maldição, é que está uma guerra em curso, subterrânea, larvar, caótica, que ainda não explodiu à superfície, mas que afecta milhões de pessoas na sua vida.

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© José Pacheco Pereira
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