ABRUPTO |
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31.7.06
PIRATARIAS 12
Como se viu há pouco mais de meia hora, (obrigada aos leitores que prontamente comunicam a aparição do falso Abrupto) e ontem por volta das 20 horas, por um pequeno período de tempo, os ataques continuam. O Blogger tem conhecimento desta situação há cerca de quinze dias. Logo a seguir ao primeiro ataque, e já várias vezes posteriormente, me escreveram a dizer que o problema, que reconhecem ser uma exploração de uma falha do próprio Blogger, estava resolvido. Alguém continua a tentar sobrepor um falso blogue ao verdadeiro, usando uma falha do Blogger que este se revela incapaz de resolver. RETRATOS DO TRABALHO EM CHINATOWN, NOVA IORQUE, EUA
Nova Iorque, cabeleireiro em Chinatown, 2001 (Carlos Fernandes)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 31 de Julho de 2006 "Má fé" no Kontratempos. Acrescento mais um exemplo: a utilização da palavra "massacre" nos noticiários da RTP1 e no Público de hoje (os que vi, é provável que apareça noutros meios de comunicação). No Dicionário da Academia é claro que a palavra implica matar "indiscriminadamente" "com selvajaria e crueldade", tendo como significados "chacina", "matança", e o acto de massacrar significa "chacinar" "trucidar", "dizimar", "exterminar". Podem parecer cruéis estes preciosismos vocabulares, mas o uso da palavra "massacre" não é descritivo é propagandístico porque implica haver dolo por parte de Israel. Se um inquérito revelar que o ataque a civis foi deliberado, então é legítimo usar a palavra "massacre", até lá é uma opinião disfarçada de notícia. Qualquer manual de deontologia jornalística ensina o que se deve fazer em casos destes, seja qual for a opinião do jornalista, a indignação que possa ter perante a violência da guerra e a sua inerente injustiça face a inocentes. * Confesso que me incomodam alguns comentários de leitores do Abrupto que na minha opinião fazem uma leitura muito ligeira do que se passa no Líbano. Como se vê pelos vários comentários, opiniões e “notícias” é cada vez mais difícil a uma Democracia fazer a Guerra. Há até quem defenda que a barbárie não depende dos actos, mas antes da condição de quem os pratica. EARLY MORNING BLOGS 829 -Lune de Miel Ils ont vu les Pays-Bas, ils rentrent à Terre Haute; Mais une nuit d'été, les voici à Ravenne, A l'sur le dos écartant les genoux De quatre jambes molles tout gonflées de morsures. On relève le drap pour mieux égratigner. Moins d'une lieue d'ici est Saint Apollinaire In Classe, basilique connue des amateurs De chapitaux d'acanthe que touraoie le vent. Ils vont prendre le train de huit heures Prolonger leurs misères de Padoue à Milan Ou se trouvent le Cène, et un restaurant pas cher. Lui pense aux pourboires, et redige son bilan. Ils auront vu la Suisse et traversé la France. Et Saint Apollinaire, raide et ascétique, Vieille usine désaffectée de Dieu, tient encore Dans ses pierres ècroulantes la forme precise de Byzance. (Thomas Stearns Eliot) * Bom dia! 30.7.06
RETRATOS DO TRABALHO EM LOURES, PORTUGAL
Operário da construção na nova fase da Urbanização do Infantado-Loures. (Luís Miguel Reino)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 30 de Julho de 2006 Vale cem números da Visão a entrevista a Miguel Veiga. O Miguel Veiga é um dos últimos originais antigos, - os originais modernos são muito menos originais -, um excêntrico na melhor tradição inglesa, logo portuense, ou vice-versa, e um homem de grande dignidade pessoal, bem rara qualidade. Meu amigo, de momentos bons e maus, como é suposto nos amigos. * O rolo de On the Road de Kerouac, um dos manuscritos (bom, não é bem manuscrito mas escrito à máquina com correcções) mais originais da história da literatura vai ser publicado na versão original, a enrolada. * Como eu o percebo: "Ce n'est pas pour me vanter mais dans quelques jours, je partirais en vacances. Ne croyez pas que je vous lâcherais pour autant, chers amis et chers ennemis : mon PC me suit partout et le tavernier continuera à servir à boire et à manger tous les jours ou presque. Si je vous raconte ça, c'est parce qu'en songeant à la valise à faire, le même doute m'envahit comme toujours en cette occasion : quels livres emporter ? Il faut dire que je suis du genre à emporter deux livres plutôt qu'un lorsque je dois prendre le bus ou le métro, c'est à dire tous les jours, par prudence au cas où il y aurait une panne. Pour les trajets en avion, j'emmène trois livres plutôt que deux en cas de détournement prolongé. Vous aurez compris que la perspective de me retrouver bloqué quelque part sans avoir rien à lire me rend malade par avance. Je n'en suis pas à emmener un livre avant de prendre l'ascenseur (et puis on peut toujours relire la notice) mais je n'en suis pas loin." Eu levo mais, mas é doença. * No Scientific American : "A man walks along the inside of a circle of chess tables, glancing at each for two or three seconds before making his move. On the outer rim, dozens of amateurs sit pondering their replies until he completes the circuit. The year is 1909, the man is José Raúl Capablanca of Cuba, and the result is a whitewash: 28 wins in as many games. The exhibition was part of a tour in which Capablanca won 168 games in a row. * Aqueles para quem o fim do mundo (o fim de um mundo) chega antes: os últimos Shakers. EARLY MORNING BLOGS 828 - ...haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar a toda a criatura, que se armem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça! (Padre António Vieira) * Bom dia!
PIRATARIAS 11
Vinte e quatro horas sem "perder" o Abrupto genuíno a favor do falso. É bom, mas ainda é cedo para pensar que tudo está resolvido e acabaram as tentativas de "substituição". Pelo caminho ficaram as imagens de arquivo que estou a ver se recupero. 29.7.06
RETRATOS DO TRABALHO Os Retratos têm um programa simples: pessoas normais a trabalharem normalmente. É o lado da vida das pessoas que mais lhes determina o quotidiano, a que horas se levantam, os caminhos que levam, o tempo que têm ou não têm, o esforço de todos os dias, o modo como se relacionam socialmente, o dinheiro que têm. O trabalho raras vezes é fonte de felicidade, mas ter trabalho dá uma dignidade que faz muita diferença, em tempos de desemprego. O trabalho, salvo raríssimas excepções, é o resultado de uma maldição: o "suor do teu rosto" começou na expulsão do Paraíso e os nazis escreveram a mais cínica (porque infinitamente verdadeira no outro sentido que as coisas têm) frase sobre ele: "Arbeit macht Frei".Muitos leitores do Abrupto têm olhado assim para o trabalho. Obrigado. RETRATOS DO TRABALHO EM MATOSINHOS, PORTUGAL
À entrada da lota de Matosinhos. Esta manhã. (Gil Coelho) EARLY MORNING BLOGS 827 - Executive I am a young executive. No cuffs than mine are cleaner; I have a Slimline brief-case and I use the firm's Cortina. In every roadside hostelry from here to Burgess Hill The maîtres d'hôtel all know me well, and let me sign the bill. You ask me what it is I do. Well, actually, you know, I'm partly a liaison man, and partly P.R.O. Essentially, I integrate the current export drive And basically I'm viable from ten o'clock till five. For vital off-the-record work - that's talking transport-wise - I've a scarlet Aston-Martin - and does she go? She flies! Pedestrians and dogs and cats, we mark them down for slaughter. I also own a speedboat which has never touched the water. She's built of fibre-glass, of course. I call her 'Mandy Jane' After a bird I used to know - No soda, please, just plain - And how did I acquire her? Well, to tell you about that And to put you in the picture, I must wear my other hat. I do some mild developing. The sort of place I need Is a quiet country market town that's rather run to seed A luncheon and a drink or two, a little savoir faire - I fix the Planning Officer, the Town Clerk and the Mayor. And if some Preservationist attempts to interfere A 'dangerous structure' notice from the Borough Engineer Will settle any buildings that are standing in our way - The modern style, sir, with respect, has really come to stay. (John Betjeman) * Bom dia! CONTRIBUIÇÕES PARA AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS (Última série) Os eventos dos últimos dias que perturbaram a publicação do Abrupto impediram a finalização desta série. Aqui ficam as últimas sugestões antes da lista final. Qualquer lista que pretenda elecar as vinte melhores obras de referência em Português, e que não inclua a Bíblia Sagrada, é manifestamente incompleta. Ainda por cima no ano em que se comemora o 325º. aniversário da primeira edição do Novo Testamento da tradução para a língua portuguesa, por João Ferreira de Almeida (1681). A Bíblia não é só um livro de fé, é uma obra basilar da Cultura e da Literatura, que pertence ao património da humanidade. Ignorá-lo, só por preconceito ou ignorância... (Brissos Lino ) * (...) algumas obras de referência: a) No campo da poesia (além de alguns já referidos): - As quatro séries das Líricas Portuguesas : Primeira (1944), organizada por José Régio, com autores nascidos desde o séc. XII até 1894; Segunda (1945), organizada por Cabral do Nascimento, com autores nascidos entre 1859 e 1908; Terceira (1958/1972/1983), organizada por Jorge de Sena, em dois volumes, com autores nascidos entre 1871 e 1929; Quarta (1969), organizada por António Ramos Rosa, com autores nascidos entre 1930 e 1941. - Número especial da revista da editora Assírio & Alvim, "A Phala", intitulada "Um Século de Poesia" (1989 - ideia de Manuel Hermínio Monteiro), com textos de vários autores sobre a poesia portuguesa entre 1888 e 1988. b) No campo da religião: - História da Igreja em Portugal de Fortunato de Almeida (4 vo. - 1967-1971) - História Religiosa de Portugal (3 vol. - 2000-2002) e Dicionário da História Religiosa de Portugal (4 vol. - 2000-2001), sob a direcção de Carlos Moreira Azevedo c) No campo da história: - A colecção de biografias que o Círculo de Leitores está a editar, de todos os Reis de Portugal - Colecção de fotobiografias de todos os Presidentes até Jorge Sampaio, que o Museu da Presidência da República editou no último ano (Rui Almeida) * Há o "livro das saudades da Terra" de Gaspar frutuoso. Obra fundamental (e monumental) sobre os Açores de Quinhentos. Depois estou a lembrar-me sobre um livro sobre a arquitectura popular dos Açores (não tenho aqui a referência). Há aliás um conjunto de livros sobre a arquitectura vernácula de portugal tem tem bastante interesse. (Gilberto Carreira) * Gostei da sua iniciativa sobre as melhores obras de referência em português. Aqui vão as minhas sugestões (algo regionalistas é certo): - Maria Natália Almeida d'Eça, Roteiro artesão português, Porto, Tipografia Inova, várias datas (1980s - 2000). Tem vários volumes, nunca os consultei a todos, sobre a totalidade (?) das regiões do país. - Pedro Branco (com colab. de Luís Vidigal), Notas para a história dos bonifrates, presépios, fantoches, robertos e marionetas em Portugal, Oeiras, Biblioteca Operária, 1983. [Colecção Cadernos da Biblioteca Operária Oeirense] - Túlio Espanca (1913-1993), Évora, 2ª ed., Lisboa : Presença, 1996. [Colecção Cidades e vilas de Portugal] - José Augusto Alegria (cónego), Arquivo das Músicas da Sé de Évora. Catálogo, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1973. (Jorge Moleirinho) 28.7.06
COISAS DA SÁBADO ISRAEL, A ESQUERDA E A DIREITA, AMERICANISMO, ANTI-AMERICANISMO Já se escreveu que o anti-americanismo é o anti-semitismo dos nossos dias. É um anti-semitismo diferente, mas é muito parecido. Israel está a ser vítima dessa forma peculiar de anti-semitismo. A história não ensina tanto como pensamos, mas dá-nos comparações úteis. O caso de Israel é muito interessante para a análise das evoluções políticas e ideológicas do século XX. Quando nasceu o estado de Israel, a ferro e fogo contra os ingleses e os partidários do Grande Mufti de Jerusalém, amigo dos nazis, a causa sionista era sentida como uma causa da esquerda. Foi a URSS uma grande impulsionadora das resoluções da ONU para a partilha da Palestina, e o primeiro estado a reconhecer Israel. Estava-se na altura em que o nosso Avante! clandestino saudava a luta de Israel contra as “monarquias feudais àrabes” que lhe faziam guerra e a saga socialista dos kibutz fazia parte do imaginário utópico de toda a esquerda e não só da comunista. Os socialistas e a sua Internacional deram grande apoio político ao jovem estado. Ora, desde o primeiro minuto que a “causa” de Israel dependeu de ganhar as guerras aos países que o rodeavam e mesmo aos que estavam longe. Recordo-me de visitar a Argélia há uns anos e ter verificado com alguma surpresa que ainda havia um estado de guerra com Israel, muitos anos depois do último conflito militar que opôs o estado judeu a outros estados e não a grupos de guerrilha ou grupos terroristas. Ora, nas suas guerras, sempre de natureza defensiva – não adianta explicar aos que estão de má fé que o carácter ofensivo de algumas operações militares nada tem a ver com o carácter defensivo do conflito - , o Israel de hoje não é distinto do do fim dos anos quarenta. No centro dessas guerras esteve sempre a pura sobrevivência do estado de Israel , quer de um lado quer do outro. A recusa da existência de Israel esteve sempre no centro das guerras árabes, agora cada vez mais muçulmanas, e só muito mais tarde é que a “questão palestiniana” surgiu. A inflexão da esquerda contra Israel acompanhou a política soviética de Krutchev de apoio ao nacionalismo árabe, que levou a prazo a uma mudança de aliados na região. Apoiando Nasser, reagindo ao último estertor do colonialismo, o conflito do Suez, a URSS abriu caminho ao progressivo isolamento de Israel dos seus apoios na esquerda socialista e comunista. Nos anos sessenta, setenta, oitenta, até ao fim da própria URSS, esta tornou-se um dos principais apoios logísticos e políticos dos movimentos de guerrilha e terroristas palestinianos, ou pró-palestinianos, embora o seu controle nunca fosse total, devido ao emaranhado muito complexo das intrigas nacionais e de clãs que sempre atravessaram o Norte de Africa e o Médio oriente. Ter que lidar com a Líbia, a Síria, o Iraque, o Irão, a rede de terrorismo internacional que ia do Japão à Alemanha, era difícil, mas mesmo assim os soviéticos estiveram sempre presentes nesse mundo e sub-mundo. Foram os americanos, nem sempre muito voluntaristas na região (como mostraram durante a guerra do Suez), que acabaram por se tornar os principais aliados de Israel. Para que isso acontecesse houve razões de guerra fria e pressões do importante lobi judaico na América, mas foi assim que se criou a realidade das alianças actuais. Logo, os israelitas acabam também por ser alvo, e nalguns casos mais do que isso, pretexto central, do anti-americanismo contemporâneo. A paralisia europeia numa região do mundo que faz parte da sua esfera geopolítica vem desse anti-americanismo, em que a Europa, em grande parte por pressão de uma França pós-gaullista, se deixou enredar tornando-a irrelevante. Ver um estado que foi uma criação francesa como o Líbano hoje ser vassalo da Síria e assistir à completa impotência militar e política da França é apenas o sintoma maior da mesma impotência da União Europeia separada dos EUA. Tudo isto é fora, à margem. Para Israel muito pouco mudou desde o dia 15 de Maio de 1948 em que imediatamente a seguir à formalização da independência pela ONU, os estados da Liga árabe declararam guerra a Israel que foi atacada pela Jordânia, o Líbano, o Egipto, o Iraque, e Arábia Saudita. O secretário geral da Liga árabe, Azzam Pasha, invocou a jihad e apelou a uma “guerra de extermínio”. Algumas coisas mudaram desde este dia e algumas para melhor, mas para Israel continua a ser uma questão de pura sobrevivência. É por ser assim que em Israel, nunca a esquerda e a direita se dividiram no essencial sobre a conduta de operações militares para defender o estado de Israel. * Ao ler o artigo de hoje fiquei com sérias dúvidas se existe uma correspondência entre estas duas fobias ideológicas. Parece-me que o antisemitismo é essencialmente racista e não diferencia judeus bons e judeus maus. Nesse sentido, o anti-sionismo tem sido confundido com o antisemitismo quando, creio eu, se trata da oposição ao regresso dos judeus da Diáspora à Terra Santa e/ou consequente refundação dum estado judaico.
PIRATARIAS 10
O problema não está resolvido como qualquer pessoa que cá viesse durante a noite tinha ocasião de ver, e o Blogger, apesar das sucessivas afirmações de que corrigiu a pirataria, também ainda não a resolveu. Agora diz-me que vai impedir qualquer nova nota no falso Abrupto e que "tomou posse desse blogue". O meu dilema está entre não querer conceder aos energúmenos que estão a criar e a reavivar o falso Abrupto e o tempo que me fazem perder a mim e aos outros que gentilmente se têm dedicado a ajudar a acabar com este ataque. EARLY MORNING BLOGS 826 - Before Sleep The lateral vibrations caress me, They leap and caress me, They work pathetically in my favour, They seek my financial good. She of the spear stands present. The gods of the underworld attend me, O Annubis, These are they of thy company. With a pathetic solicitude they attend me; Undulant, Their realm is the lateral courses. Light! I am up to follow thee, Pallas. Up and out of their caresses. You were gone up as a rocket, Bending your passages from right to left and from left to right In the flat projection of a spiral. The gods of drugged sleep attend me, Wishing me well; I am up to follow thee, Pallas. (Ezra Pound) * Bom dia! 27.7.06
PIRATARIAS 9 O Blogger comunicou-me (às 19.30) que conseguiu finalmente apagar o falso Abrupto. Espero para ver, dado que há dois dias me disse estar o problema resolvido e ele voltou de novo. Se alguém lá for parar pelo genuíno endereço, faça o favor de me comunicar. Esta questão não está encerrada, porque de facto não está encerrada, mas podem ter a certeza que o que mais desejo é voltar ao business as usual aqui no Abrupto. NOTA (às 23.30) - O problema continua exactamente na mesma. Obrigada a quem me alertou. A actualização desta nota deve apagà-lo, mas mostra que o Blogger não resolveu o assunto e continuam os ataques contra o Abrupto. Para quem acreditava na "história" de um inocente do outro lado, ele agora mudou de nome de Alex para Mike. RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL
Reparação dos telhados. Igreja de S.Francisco no Porto, há instantes. (Gil Coelho) QUE SEJA BEM CLARO que acho que Rui Rio tem razão, no essencial, quanto às posições que toma em defesa das instituições e do poder democrático face à arrogância dos poderes fácticos e dos interesses não escrutinados que muitas vezes defendem. Rui Rio é uma enorme raridade na vida política portuguesa e o facto de a minha cidade o ter eleito só pode prestigiar o Porto. Mas exactamente por pensar assim e o ter defendido (na última Quadratura do Círculo) não quer dizer que não considere isto inadmíssivel numa página de uma autarquia. PIRATARIAS 8 Para uma discussão (entre outras) da falha do Blogger que permite o ataque ao Abrupto veja-se aqui e aqui. O problema parece estar a ser controlado, mas ainda não está resolvido. Para não facilitar a vida ao autor do ataque e identificá-lo se possível, alguns elementos já existentes não podem nem devem ser divulgados. Mas há fantasmas e fantasmas de fantasmas em acção. Como é habitual neste mundo, nada do que parece é.
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 27 de Julho de 2006 Vale a pena o artigo de Carlos Gaspar no Público (sem ligação) em defesa de uma intervenção militar da UE no Líbano: "A União Europeia, desde a crise iraquiana e os referenda negativos do ano passado, entrou numa crise profunda: as divisões internas minaram a sua credibilidade, num momento crucial. A guerra do Líbano e a intervenção militar nesse conflito pode inverter o veredicto iraquiano, quer quanto à decomposição da comunidade transatlântica de defesa, quer quanto à comunidade europeia de defesa. Há três anos, a intervenção dos Estados Unidos no Iraque abriu uma dupla crise da unidade atlântica e da aliança europeia, que está longe de ter sido ultrapassada, sobretudo na opinião pública norte-americana. Hoje, porém, são os Estados Unidos que não querem intervir no Líbano, para não abrir uma segunda frente ou correr o risco de criar um "segundo Iraque", desta vez contra uma minoria xiita. A oportunidade da União Europeia é também uma forma de revelar a sua capacidade para ultrapassar as divisões internas e para resolver uma crise decisiva. Essa demonstração, com a intervenção militar da União Europeia na guerra do Líbano, podia ser o primeiro passo da política europeia de segurança e de defesa, a primeira demonstração de que existe uma vontade política e estratégica europeia para lá das fórmulas opacas e estéreis sobre as virtudes da potência normativa e os valores éticos da União Europeia." EARLY MORNING BLOGS 825 - ...obra má de má argila... E agora o mundo parece-me um imenso montão de ruínas onde a minha alma solitária, como um exilado que erra por entre colunas tombadas, geme, sem descontinuar... As flores dos meus aposentos murcham e ninguém as renova: toda a luz me parece uma tocha: e quando as minhas amantes vêm, na brancura dos seus penteadores, encostar-se ao meu leito, eu choro - como se avistasse a legião amortalhada das minhas alegrias defuntas... Sinto-me morrer. Tenho o meu testamento feito. Nele lego os meus milhões ao Demónio; pertencem-lhe; ele que os reclame e que os reparta... E a vós, homens, lego-vos apenas, sem comentários, estas palavras: «Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!» E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até às ondas do mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão! (Eça de Queiroz, O Mandarim) * Bom dia! 26.7.06
PIRATARIAS 7 O problema subsiste com a aparição há cerca de meia-hora, após um dia de calma, do falso Abrupto. Este não tem nada escrito de novo, mas apresenta uma "identidade" americana, certamente para reforçar a "história" que alguns tomam à letra, de um inocente surpreendido com um hacker português, eu, que lhe assalta o blogue. E ele tão preso ao nome de "Abrupto" vá-se lá saber porquê, não quer mudar o endereço, nem percebe o que se passa. Para bot, como alguns "técnicos" diziam, é muito esperto. A falha é do Blogger, isso já se sabe e o Blogger admite, mas a exploração da falha é feita contra o Abrupto e continua. RETRATOS DO TRABALHO EM FEZ, MARROCOS
Tintureiros. (Diogo Vasconcelos)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 26 de Julho de 2006 José Rodrigues dos Santos no telejornal da RTP1 das 20 horas disse as primeiras coisas sensatas aí ditas há muito tempo. São sensatas, evidentes e conhecidas de há muito, mas parecem blasfémias ditas nos noticiários mais anti-americanos e israelitas da televisão portuguesa. Disse que muitos libaneses sentem que o seu país está a ser violado por sírios e iranianos para o usarem para uma guerra estrangeira ao Líbano. Disse que era preciso cuidado com a utilização do termo "civis" porque o Hezbollah era só constituído por civis e que usava casas civis de famílias civis para esconder o armamento. Não é novidade nenhuma e não precisava de ir ao Líbano para nos dizer isto, mas no meio da contínua manipulação das palavras que constitui o grosso das notícias sobre o conflito foi um oásis, mais para o lado do jornalismo do que do "jornalismo de causas". Relativamente ao seu post comentando a desrição feita por José Rodrigues dos Santos no Telejornal, fiquei também surpreendido pois soava um pouco distante tom habitual dos noticiários nacionais. Aquela descrição, como disse, não trazia de facto nada de novo em termos noticiosos mas causou impacto por ser verdadeira e imparcial! * No BLOGUITICA: Peço desculpa, mas terão de me explicar como se eu fosse muito burro: a que propósito é que o líder do principal partido político da Oposição vem exigir esclarecimentos públicos sobre a reforma de Manuel Alegre? Trata-se de uma atitude populista que não o dignifica.Inteiramente de acordo. Há águas turvas em que o peixe que vem à linha está sempre envenenado. * Todos os números são excelentes para os cientistas, mas nem todos para os amadores. Este é excelente para os curiosos: uma nota muito crítica sobre o PowerPoint, uma série de artigos que levantam a questão do "homem biónico", e um balanço do estado da geologia, "Geology: The start of the world as we know it" (sem ligação). FIM DA PIRATARIA? talvez sim, talvez não. Vamos ver. O autor do falso Abrupto, que é uma pessoa e não um programa automatizado, passou o dia todo num pingue-pongue com o Abrupto e o Blogger. Ah! e sabe português... Como estou em trânsito, os detalhes ficam para depois. PS.[Actualizado] talvez ... ainda não. Actualização 2 - Cuidado! Não enviar comentários quando o falso Abrupto aparece! Actualização 3 - Obrigado às muitas pessoas, que nomearei depois, que estão a tentar solucionar o ataque contra o Abrupto. Sim, porque é disso que se trata, basta ver o teatro que está a fazer o pseudo-autor. mimando as queixas genuínas do verdadeiro Abrupto. 25.7.06
PIRATARIAS 6 Não sei se vão conseguir ver esta nota e durante quanto tempo. Os textos publicados hoje no falso Abrupto deixam poucas dúvidas quanto à intencionalidade do ataque. CONTRIBUIÇÕES PARA AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS Se continua o levantamento das obras de referência, há ainda duas que não devem ser esquecidas. São ambas do Pe. Francisco Leite de Faria: - Estudos bibliográficos sobre Damião de Góis e a sua época (Lisboa, SEC, 1977) - uma obra-prima da bibliografia! - As muitas edições da "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto (Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1992). Não esquecer também dois catálogos monumentais, ambos de 1972 e relativos ao IV Centenário da publicação de Os Lusíadas: - Catálogo da exposição bibliográfica, iconográfica e medalhística de Camões (da responsabilidade de J. V. de Pina Martins), Lisboa, BN, 1972. - IV Centenário de Os Lusíadas de Camões (da responsabilidade do Dr. Coimbra Martins), Madrid, Biblioteca Nacional, 1972. E, já que estamos em Camões, não esquecer ainda duas obras: - A Colecção Camoniana, de José do Canto. - o CDRom Camões and the first edition of the Lusiads, 1572,editado por Keneth David Jackson. (Vasco Graça Moura) * Já agora Religiões da Lusitânia, de Leite de Vasconcelos (ou Vasconcellos?) - não tenho comigo o livro (José Pimentel Teixeira) * Portugaliae monumenta cartographica [ Material cartográfico / Armando Cortesão, Avelino Teixeira da Mota ; pref. J. Caeiro da Mota Cartografia e cartógrafos portugueses dos séculos XV e XVI : (contribuição para um estudo completo) / Armando Cortesão História da cartografia portuguesa / Armando Cortesão (Isabel Goulão) PIRATARIAS 5 Durante a noite o falso Abrupto voltou, de manhã esvaneceu-se. Faz-lhe mal o sol. RETRATOS DO TRABALHO EM FEZ, MARROCOS
Curtidor de peles. (Diogo Vasconcelos) EARLY MORNING BLOGS 824 - De la graja y de los pavones. monesta esta fábula que ninguno deve fazer grandes muestras de cosas agenas, mas que es mejor que de esso poco que tiene, se comporte y componga porque quando lo que no es suyo le fuere quitado no sea en vergüença. La graja, llena de sobervia, tomando una vana osadía, presumió de se componer y vestir de las plumas de los pavones que halló. E assí mucho guarnecida, menospreciando a sus yguales, ella se entró en la compañía de los pavones, los quales, conociendo que era de su naturaleza, por fuerça le quitaron las plumas y le dieron picadas e la acocearon. E assí, escapando medio muerta e gravemente llagada, avía vergüença, como estava assí destroçada o despedaçada, a su propia generación, donde en el tiempo de su pompa, a muchos de los amigos injurió e menospreció. A la qual se dize que dixo una de su linaje: -Si tú oviesses amado y estimado estas vestiduras que tu naturaleza te dio, assaz te ovieran abastado, como son d' ellas contentas otras tus semejantes. E assí no padescieras injuria, ni de nosotras fueras lançada y echada, y te fuera buena si bivieras contenta con lo que naturaleza te dava. (La vida y fábulas del Ysopo, Valencia, 1520) * Bom dia! 24.7.06
O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DEZOITO QUILOS DE CREME Segundo o PortugalDiário de ontem, e em relação a um dos grandes pânicos regularmente cultivados nesta época estival – o cancro da pele e o hábito obviamente suicidário que as sociedades (ocidentais, claro) têm em se expor ao sol – o presidente da Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo terá afirmado, sobre a necessidade de protecção solar, que a quantidade ideal de creme a aplicar é, nada mais, nada menos, do que um grama por centímetro quadrado. «É essa a quantidade recomendada», sublinha o dermatologista Só um pequeno comentário, na sequência de um hábito, também saudável, que é o de fazer contas aos números que com tanto gosto como displicência os senhores jornalistas gostam de nos alarmar: A superfície média do corpo humano anda por volta dos 1,80 metros quadrados (1,81 para uma pessoa de 70 quilos e 1,70 metros). São portanto 18.000 (DEZOITO MIL) centímetros quadrados. A um grama cada, são DEZOITO QUILOS DE CREME (a aplicar de duas em duas horas se também seguirmos as regras)! Mesmo descontando as partes não expostas (poucas, como sabemos), convenhamos que é uma bela besuntadela e um excelente negócio para as farmácias e fabricantes. Pode mesmo criar novos postos de trabalho para "carregadores balneários", uma vez que uma família de 4 indivíduos precisará de transportar, para cada duas horas de praia, qualquer coisa como 60 a 80 quilos de cremes. Não imagino com que aspecto ficará uma pessoa depois de aplicar o creme recomendado, mas calculo que não lhe ficaria mal colocar por cima meia dúzia de azeitonas e um raminho de salsa. Fernando Gomes da Costa (médico) ... E SELECÇÃO NATURAL... Foi notícia em quase todos os órgãos de informação nacionais que, no passado fim-de-semana, na praia do Magoito, uma pedra de 40 kg caiu, esmagando a perna de um senhor que estava no sítio errado na hora errada. O caso não seria mais do que um lamentável acidente (não totalmente inesperado para quem, como eu, conhece o sítio), se não se desse o caso de, pouco depois dessa ocorrência, uma equipa de reportagem de TV ter ido ao mesmo local, onde entrevistou pessoas que, segundo declararam com o ar mais natural do mundo, sabiam perfeitamente o perigo que corriam (pois a zona perigosa estava bem assinalada) mas não tencionavam sair dali. A minha primeira reacção resumiu-se a lamentar a possibilidade de, através dos meus impostos, ter de vir a pagar o transporte e o tratamento de pessoas que agem assim. No entanto, se analisar o assunto em termos de longo prazo, a conclusão já poderá ser optimista: Sucede que a chamada «selecção natural» (como Darwin tão bem explicou) funciona sempre no sentido da «melhoria das espécies»: as mais fracas (de corpo ou de mente) acabam, a longo prazo, por desaparecer - ou porque são comidas por predadores, ou porque são vítimas de desastres aos quais a sua diminuta inteligência não permite que se furtem. (C. Medina Ribeiro) NOTA SOBRE AS MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS Ainda há um grupo de contribuições a acrescentar às que já foram publicadas. Em função dos contributos recebidos vou fazer uma pequena alteração na proposta inicial - farei uma lista com cinquenta obras de referência, para cobrir as várias áreas de forma equilibrada, por ordem alfabética, e uma lista mais curta de dez, para as obras-primas da erudição nacional, em função do seu carácter exaustivo, qualidade da investigação e utilidade actual. São bem-vindas todas as sugestões, mas a responsabilidade da lista final será minha.
COISAS DA SÁBADO: A GULBENKIAN
A Gulbenkian é das poucas presenças do Médio Oriente na nossa vida nacional, embora poucos a vejam assim. Gulbenkian era arménio, ou seja um homem de nenhures – pátria errada, religião errada, lado do mundo errado, péssima geografia, boa história, a combinação para o desastre. A Arménia era cristã em terras do Islão, e olhando-se à volta nos anos do fim do império otomano só se encontra esta geografia errada: gregos ortodoxos há centenas de anos vivendo em comunidades sob a égide do Sultão e depois do “Pai dos Turcos”, curdos entre várias possessões e o martelo de Ataturk, iraquianos sunitas e chiitas, a irem parar aos despojos ingleses do império, enquanto relutantemente sírios e libaneses ficavam franceses pelo mais absurdo argumento histórico: tinham sido “franceses” os “reinos” das Cruzadas. E depois o fogo zoarastriano eterno que escorria da terra, entre lamas e betumes, e de que Gulbenkian tirava os seu proverbiais cinco por cento, e nós o verdadeiro Ministério da Cultura que nunca tivemos. É por tudo isto que a melhor comemoração do aniversário é a exposição sobre a “arte do livro do Oriente para o Ocidente”, que através dos livros da colecção Gulbenkian nos lembra essa origem e essa história entre dois mundos que se conhecem pouco. NOTA: Livro veneziano do século XVI, com capa ao estilo oriental.
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VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 24 de Julho de 2006 Se vem no Cebolinha, o mundo está perdido de todo. E vem, pela voz do Bloguinho que fala internetês. :)! * Msg d Z e M :) RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL Obras em curso no Laboratório Chimico da Universidade de Lisboa. O edifício é, agora, parte do Museu de Ciência da mesma Universidade. Está em curso a recuperação e musealização do único laboratório químico do século XIX ainda existente em Portugal e na Europa Ocidental. Na realidade, os grandes laboratórios químicos universitários da Europa foram sendo sucessivamente remodelados e modernizados enquanto o "nosso" parou, a dado momento, no tempo. O atraso científico do País e a falta de investimento torno-o, agora, um espaço único. (Vasco Teixeira, Museu de Ciência (MCUL)) EARLY MORNING BLOGS 823 - «Quem muito viu...» Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos, mágoas, humilhações, tristes surpresas; e foi traído, e foi roubado, e foi privado em extremo da justiça justa; e andou terras e gentes, conheceu os mundos e submundos; e viveu dentro de si o amor de ter criado; quem tudo leu e amou, quem tudo foi - não sabe nada, nem triunfar lhe cabe em sorte como a todos os que vivem. Apenas não viver lhe dava tudo. Inquieto e franco, altivo e carinhoso, será sempre sem pátria. E a própria morte, quando o buscar, há-de encontrá-lo morto. (Jorge de Sena) * Bom dia! 23.7.06
COISAS DA SÁBADO: 70º ANIVERSÁRIO DA GUERRA CIVIL DE ESPANHA : DILEMAS Uma nova historiografia revisionista entende arrombar portas de há muito abertas, insistindo em que na guerra civil espanhola não havia lado “bom”. O motivo é evidentemente político: ao se igualizar os “lados” e ao se retirar qualquer conotação moral às escolhas dramáticas da época, ajuda-se a igualizar ambos os beligerantes e a justificar quase sempre, o que ganha. Quem precisava desesperadamente desta revisão da história eram os franquistas, não os republicanos, o que também mostra a dificuldade de iludir dilemas que só nos parecem neutros porque já estamos distantes dos eventos. Há nesta história revisionista um pequeno problema; é que se os dois lados eram maus, não era possível na época deixar de escolher um. Quem, dos muito poucos que achavam na altura que os dois lados eram maus, não o fazia explicitamente, acabava sempre por servir o mais forte que estava geograficamente do seu lado. Unamuno percebeu-o muito bem. É que a história não dilui a moralidade, nem o dilema das escolhas feitas sob o fio da navalha, mas torna algumas coisas impossíveis a um momento dado. Há coisas que pura e simplesmente não se podem fazer em determinados momentos, sem não as fazendo, escolhermos. Os maniqueísmos não são desejáveis, mas nem sempre são evitáveis. Para alguns homens, provavelmente dos melhores, isso é de uma enorme violência, que nalguns conduziu ao suicídio, físico ou ético, e a muitos a remorsos e culpas que arrastam toda a vida. Mas a verdadeira tragédia da história é que há momentos em que não nos deixa escolhas. É mesmo assim. * A propósito da guerra civil de Espanha, já por vezes meditei no que faria eu se lá tivesse estado, sabendo daquela guerra o que sabemos hoje. E não partilho a sua opinião de que há momentos em que não temos escolha entre dois lados maus. PIRATARIAS 4 A pirataria (como é que eu chamo a alguém apropriar-se do trabalho de outrem?) continua. Entre ontem e hoje o falso Abrupto esteve em linha em vez do verdadeiro. A investigação do que se passa continua e já tem alguns frutos. Como muitas vezes acontece na mesquinhez colectiva, as vítimas são os culpados. Pelos vistos nada aconteceu, nada acontece e se acontece é o acaso a funcionar,. Entre dois mil ou três mil blogues portugueses foi o Abrupto a vítima, certamente porque tem uma culpabilidade "objectiva". Em vez de palavras de preocupação (pode vir a suceder a outros...) e condenação com o que acontece, é o Abrupto que criticam. Por existir, presumo. Eu devia ter-me calado caladinho. Pouca sorte, meus amigos, enquanto não me explicarem a razão porque foi comigo e que se saiba, não há um surto de ataques do mesmo tipo um pouco por todo o lado (a maioria dos exemplos que me são dados, aliás escassíssimos, ou nada tem a ver com o que se passou, ou foram há muito tempo, ou ocorreram em circunstâncias – roubos de password, ou apagamentos de blogues reclamados por outrém, por exemplo – que não se aplicam ao Abrupto), eu não posso dexar de pensar que o Abrupto foi o alvo deliberado. Devo dizer aliás que há mais racionalidade em pensar assim do que em imaginar que me calhou o azar entre quarenta e cinco milhões de blogues. Muitos dos falsos exemplos que me são dados são aliás um exercício de má fé pura, apenas para enganar quem não vai ler as explicações sobre o que aconteceu. Este afã de dizer que o que aconteceu ao Abrupto é normal, legitima o autor da pirataria, porque alguém a fez, não é verdade? Um qualquer hacker da Tailândia que encontrou uma falha no Blogger e escolheu ao acaso um blogue português, não é do que me querem convencer? Devo ignorar que numa certa lama da blogosfera, se houvesse um botão miraculoso como a campainha do Mandarim que matasse o chinês na China, já havia há muito uma sinfonia de toques e empurrões para chegar ao botão. Aliás a campainha não parava, tantos eram os candidatos a quererem "matar" o Abrupto. Basta ler alguns blogues, entre a pura má fé, até ao enorme contentamento e festejos pela "morte" anunciada. Não terão muita sorte, mas é uma atitude reveladora do incómodo que a mera existência de um blogue como o Abrupto traz à mediocridade invejosa. O mundo para eles seria muito mais aceitável se tudo fosse medíocre, igual na lama. Compreendo bem, mas sigo a regra de George Bernard Shaw: "Never wrestle with a pig. You get dirty and besides the pig likes it". 21.7.06
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: XANADU EM TITÃ In Xanadu did Kubla Khan A stately pleasure-dome decree : Where Alph, the sacred river, ran Through caverns measureless to man Down to a sunless sea. Um filme com faces familiares.
HOJE, CORES DE UM CERTO FIM DA TARDE
O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES. O PÃNICO DO DIA Mote do dia na área do alarmismo pacóvio: “O Paracetamol destrói o fígado” (diversos jornais on-line, rádios e logo à noite, provavelmente, na RTP e SIC e de certeza na TVI. Diz, por exemplo, o “Portugal Diário” que “O medicamento mais vendido sem receita médica provocou, nos últimos três anos, meia centena de reacções adversas em Portugal, segundo o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), e foi recentemente associado à destruição do fígado, mesmo quando tomado em doses recomendadas…Para o estudo foram utilizados 106 participantes, divididos por três grupos: dois tomaram diariamente quatro gramas de paracetamol ao longo de duas semanas, e o terceiro tomou apenas placebo…Entre quem tomou o «remédio falso» não houve problemas de fígado, mas cerca de 40 por cento dos restantes participantes revelaram indícios de danificação daquele órgão.” PRIMEIRO: 4 gramas de paracetamol são OITO "Ben-u-rons" por dia. Vezes duas semanas dá a módica quantia de 112 comprimidos. O facto de só haver "indícios" de lesão hepática (algo muito subjectivo de analisar em termos médicos, uma vez que existem muitas outras coisas, a começar pelo álcool e gorduras que o podem fazer) é antes de mais uma mostra da inocuidade do produto. Do mesmo modo, 50 reacções adversas em Portugal (que muitas vezes são uma simples urticária e nenhuma grave foi comunicada à classe médica) em 3 anos, sendo que em cada dia são prescritas embalagens na ordem dos milhares (fora as adquiridas sem receita), mostra que as probabilidades de haver problemas são bem menores que as de ser, por exemplo, atropelado por um jornalista. SEGUNDO: nas recomendações de uso deste medicamento SEMPRE constaram avisos sobre os cuidados a ter em caso de toma prolongada ou em altas doses, sobretudo em relação ao fígado e rins. Não se percebe bem o porquê desta notícia ou "estudo" sobre uma coisa que não é novidade nenhuma, mas que pode ser alguma preparação para um novo produto a chegar ao mercado... TERCEIRO: todos sabemos da papalvice e gosto pelo alarmismo de muito jornalista e da generalidade do público português. Fica então a sugestão: TODOS os medicamentos têm normas de utilização, taxas de efeitos secundários e contra-indicações, como poderá ser facilmente constatado, por exemplo, no Prontuário Terapêutico. Fazendo contas aos milhares de medicamentos comercializados, já viram o manancial de notícias assustadoras não devidamente aproveitadas? Vá lá senhores jornalistas: aproveitem a silly season, para lançarem uns belos pânicos. Já agora: se levarem os vossos filhos à consulta, cheios de febre, preferem que lhes dêem chazinhos? Fernando Gomes da Costa (médico) O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES; O EDUQUÊS EM AVALIAÇÃO Muito se tem falado de processos de avaliação, centrada a discussão no teste de Física da primeira fase. Não posso deixar de verificar escandalizada o seguinte, que diz respeito à maioria dos testes do Secundário que pelos quais se tem avaliado os nossos alunos : 1- As questões são de tal maneira sui generis, enviesadas e distantes do programa e da realidade escolar (atenção, meus senhores, o país vai de Trás-os-Montes ao Algarve), que ter investido ou não em estudo não é relevante; 2- Numa reforma que pela primeira vez é testada, não foram enviadas provas- referência; 3-O exame de 11º de Biologia e Geologia, por exemplo, para além da formulação imprecisa de perguntas, tem aspectos absolutamente mirabolantes: a) depois do investimento,por parte das escolas e colégios,em material de laboratório para pôr a funcionar os trabalhos laboratoriais, ao abrigo da penúltima reforma, os trabalhos laboratoriais foram "extintos"na última e actual reforma. E é precisamente o exame de Biologia e Geologia, 1ª fase, que pede ao aluno que invente uma experiência; b)depois da invenção da experiência, propõe-se que crie um projecto de investigação (!). Isto é muito interessante como experiência para preencher 90 m de aula - será oportuno num exame? Fico a saber que a figura de "jovens investigadores" , utilizada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, se deve aplicar a jovens examinandos do Secundário. 4-Como Coordenadora Científica de um Centro de Investigação (e mãe de uma aluna sujeita a esta brincadeira de mau gosto), pergunto: andam a brincar com o contribuinte, com os nossos jovens ou aos investigadores? 5- Faço outra pergunta, do fundo da minha indignação cívica - a um professor que ouse "reter" um aluno são pedidos x formulários, relatórios, justificações - e a uma comissão de incompetentes, aquartelada no semi-anonimato do GAVE, que é responsável pela desestabilização e hecatombe de um país inteiro, pela motivação de jovens para irem estudar para fora destas fronteiras, ? que se faz? não há responsabilidades a pedir? bate-se palmas? de ciência pouco sabem e da realidade de aplicação e aplicabilidade dos programas ainda menos. Sinceramente, a Senhora Ministra pode estar cheia de boas intenções para impor regras ao sistema, mas a primeira regra é não se rodear de incompetentes ...e brincalhões. (Maria do Céu Fialho, Prof. Caterática da Universidade de Coimbra e Coordenadora Científica de um Centro de Investigação sem alunos do Secundário nem membros do GAVE.) * Vi ontem no canal parlamento e em directo, a prestação da Ministra da Educação. Fiquei com a sensação que não é ela quem governa o seu ministério, devendo alguém trabalhar por ela. Como é que por detrás de tantas políticas educativas pode estar uma pessoa que não sabe falar, não compreende o teor das perguntas directas feitas pelos demais intervenientes, engasgando-se, ruborizando, como se fosse uma caloira? Porque é que não responsabiliza o GAVE? Porque é que não demite quem está à frente do referido Gabinete? Isto deixa-nos perceber claramente que existem motivos obscuros que “obrigaram” às conhecidas medidas políticas. Vários exames tinham erros, eram extensos, quem os realizou – os “experts” ao serviço da Ministra, deviam ser devidamente responsabilizados/demitidos. Outra questão foi a declaração mentirosa da Ministra relativamente aos resultados do exame nacional de matemática do 9º ano. A dita afirmou que a óbvia melhoria dos resultados do exame a matemática neste ano, se devia à implementação das suas novas políticas. Eu vigiei esse exame, e tive a oportunidade de o ler: espantar-se-ia se lhe dissesse que qualquer pessoa com a antiga quarta classe, o saberia fazer tirando positiva. Pois é, até o fiz de cabeça. Algumas questões pareciam aqueles passatempos que compramos no quiosque para levarmos para férias. Aí está a política de rigor e exigência da Ministra – a mentira. E já falou que o próximo objectivo será a Língua Portuguesa – adivinhe como será o exame nacional do 9º ano no próximo ano: fazer uma cópia sobre o texto “O capuchinho vermelho”, dizer o presente do indicativo do verbo mentir, e escrever uma composição sobre as férias de Verão que hão-de vir… É uma vergonha. (Sofia Silveira)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 21 de Julho de 2006 Staline, Chostakovitch e a arte de agradar e desprezar no fio da navalha ou do tiro na nuca no Guardian. * Grundsprache. Freud e o alemão em La République des Livres: "Freud aurait-il pu découvrir l'inconscient dans une autre langue que l'allemand ? Voilà probablement l'une des questions les plus sensées que les professionnels de la profession aient posée à l'occasion du 150 ème anniversaire de la naissance de cher Sigmund." * Luís na Natureza do Mal: "A minha geração sofreu três gravíssimas contrariedades: primeiro aprendeu o mundo pelos compêndios do salazarismo. Depois pela vulgata marxista. A seguir veio o ruído insuportável do entertainment." RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL (...) uuma foto que tirei ontem, algures na cidade do Porto e que vá-se lá saber porquê me fez recordar os primeiros versos da tão conhecida e belíssima "TABACARIA", de Álvaro de Campos: Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada (Álvaro Mendonça) EARLY MORNING BLOGS 822 - Devemos perdonar a los ignorantes y resistir a los locos. De los que se ríen y escarnecen de los que no deven, el sabio propuso tal fábula. Algunos hombres son enojosos y burladores, y escarnecedores de otros, mas a sí mismos causan y fazen mal, assí como un asno que encontró con un león, y díxole burlándose d' él: -¡Dios te salve, hermano! Y rióse d' él. E león, indignándose de sus palabras, dixo entre sí: -No quiera Dios que vana sangre ensuzie mis dientes, ca convernía dexarte injuriado o despedaçado. Significa esta fábula que devemos perdonar a los ignorantes, mas devemos resistir y defendernos de los locos que quieren acometer a otros mejores de sí. Y que el loco fantástico no deve de reyrse de los hombres nobles y sabios y virtuosos, ni se ygualar con ellos. (La vida y fábulas del Ysopo, Valencia, 1520.) * Bom dia! A SOLIDÃO DOS GUERREIROS A gente é feita pelas nossas conversas. Conversas que nunca se esquecem, conversas que ficam e ficam e ficam, mudando, dizendo coisas diferentes em tempos diferentes. Mas ficam, lá atrás de qualquer coisa que somos. Recordo-me nestes dias de ferro e fogo no Médio Oriente de uma que tive com a mais improvável pessoa para lembrar neste contexto: Jonas Savimbi. Ou talvez não. A Jamba, quartel operacional de Savimbi no Sul de Angola, quando se tornou na sua sala de visitas, caiu no mesmo logro de que era parte: o logro da propaganda para ocidentais desejosos de exotismo e de um pouco de aventura. Savimbi aprendera com os chineses, que por sua vez tinham aprendido com os soviéticos, a arte das aldeias Potemkine, a arte da "massagem do ego", a arte de iludir. Nas "excursões" à Jamba como lhe chamavam os seus detractores, tudo era cuidadosamente pensado para responder às ilusões, obtendo efeitos de propaganda, mas havia outra Jamba por detrás da que era mostrada e essa era bem menos amável e bem menos utópica. Numa viagem que lá fiz, pude ver e ser sujeito a todas estas artes da ilusão e da propaganda mas, sem querer gabar-me de qualquer omnisciência ou cinismo militante, nem por isso deixava de saber que havia muito cenário. Mas havia uma coisa na Jamba de natureza diferente do seu "sinaleiro", das suas aulas de Latim, da sua fanfarra marcial, e essa coisa era Jonas Savimbi ele mesmo, personagem maior que a vida, maior que a morte, personagem da história, cruel, obsessivo, tenebroso, mas uma "carácter". Fiel aos mitos que alimentava, um dos quais era de que não dormia, encontrei-o uma vez às três da manhã. O local era uma cabana de madeira e colmo, com umas cadeiras de plástico e uma improvável cortina florida daquelas que se encontram nos quartos de banho suburbanos. Era mesmo uma cortina, triste e pobre, o improvável cenário dos homens que rodeavam Savimbi, todos hoje já fantasmas no Inferno. Era uma noite de crise, havia combates em Mavinga, e Magnus Malan tinha feito declarações incómodas para Savimbi, pelo que as relações com os aliados sul-africanos não deviam estar pelo melhor dos mundos. A guerra corria-lhe bem, talvez fosse isso que levou os sul-africanos a reivindicar o seu papel, o que atrapalhava a propaganda da UNITA. Talvez por isso, a meio da conversa e sem qualquer necessidade, Savimbi começou um longo monólogo, meio interior, meio para eu ouvir, muito longe do que se podia esperar pela ocasião e pelo interlocutor português. Savimbi começou a falar da solidão na luta. Disse-me: "Agora tenho todos comigo, os sul-africanos, os americanos, mas sei que isso não pode durar." "Já vi todos os meus aliados deixarem-me sozinhos, já vi os americanos com a síndrome do pós-Vietname, a abandonar os seus amigos... Quando fiz a minha "Longa Marcha" , até comemos cascas de árvore e chegámos à Jamba meia dúzia de homens para começar tudo de novo." E insistia: "Agora tenho amigos, mas sei que posso ficar outra vez sozinho, só posso contar comigo e com os meus maninhos..." Havia um tom de tristeza e de resignação, pouco habitual em Savimbi, que não era dado a ter estados de alma. Ele sentia-se ofendido pelos sul-africanos, este era o motivo próximo, e Savimbi era orgulhoso. Mas ele tinha uma premonição sobre o que se iria passar, muitos anos depois, a sua morte em combate, sozinho, abandonado, apenas com meia dúzia de fieis irredutíveis muitos dos quais morreram com ele. Ele era uma raridade para um líder africano, não tinha atracção pela vida faustosa no exílio dourado, não era corrupto, embora corrompesse, e toda a vida foi um general da frente de batalha, que liderava do chão perto dos seus homens. Era perigoso como poucos e sabia muito. Recordo-me desta conversa nocturna, quando vejo mais uma vez o modo como os israelitas são deixados sozinhos para se defenderem, o que eles só podem fazer atacando (olhe-se para um mapa de Israel para se perceber), perante uma opinião pública e publicada que também ela, como os sul-africanos e americanos a Savimbi, os abandonou. Israel não é defensável em termos de um conflito clássico, e só com muito saber de experiência feita consegue conter em termos aceitáveis o terrorismo de que é vítima. À sua volta só tem inimigos, que não datam da "questão palestiniana" como muitos pensam, mas do dia seguinte à criação do Estado de Israel, quando este foi invadido por todos os exércitos dos países árabes. O mesmo cenário repetiu-se várias vezes, até que as ofensivas militares tradicionais, todas derrotadas, foram progressivamente substituídas por actos de terrorismo localizado, mas sistémico. Apesar de tudo, a situação de segurança de Israel melhorou, em grande parte porque a ocupação dos territórios da Cisjordânia e da Síria melhorou a sua capacidade de defesa, deu-lhe profundidade. A situação de Israel também melhorou, porque o "mundo árabe" se dividiu, alguns corajosos chefes de Estado no Egipto e na Jordânia aceitaram a realidade do seu Estado e o mesmo aconteceu com alguns palestinianos, a começar por dirigentes da OLP e da Fatah. Esse caminho foi positivo e é positivo. Mas há uma realidade nova no Médio Oriente que pode inverter completamente a situação e fragilizar Israel e os seus amigos árabes, de novo: a combinação do fundamentalismo islâmico com a nuclearização do Irão. O Irão e a Síria são hoje a vanguarda de todos os que negam a pura existência de Israel, e o Hamas e o Hezbollah são os braços armados dessa nova realidade. Se somarmos a essa situação o caminho perigosíssimo do Irão, Israel tem hoje de novo um desequilíbrio que se está a construir à sua volta. O problema não são os palestinianos, é o choque de políticas nacionais de hegemonia regional, e a utilização da religião como arma de mobilização e radicalismo. Israel tem que conter o Irão, a Síria, o Hamas e o Hezbollah quanto antes, antes de terem armamento nuclear, antes de se armarem com as novas armas do terrorismo, incluindo uma capacidade maior de projecção de mísseis sobre o seu território sem profundidade. É uma realidade militar antes de ser política. Os israelitas fazem certamente muitas asneiras, porque não são passivos mas pró-activos. Não assistem sentados à sua progressiva neutralização e destruição. Não podem deixar de o ser e é por isso que conservadores e trabalhistas, partidos religiosos e socialistas não diferem muito na legitimação da actuação militar. É mesmo uma questão de sobrevivência e a ideia de que se trata de "um conflito assimétrico" onde os "poderosos" esmagam os "fracos" é enganadora: há assimetrias de tamanho que são a favor dos aparentemente mais fracos. Percebe-se o que os israelitas querem com esta resposta violenta aos actos de guerra do Hezbollah e do Hamas: mostrar que a paz só é possível se não houver qualquer transigência com os grupos que são os braços armados de estratégias de aniquilação do Estado de Israel. E estes, e os Estados que os alimentam, só percebem uma única linguagem, a da força. Israel também de há muito sabe que só pode haver paz com quem a deseja e, do mesmo modo que o Irão lhe quis enviar uma mensagem, Israel responde em espécie. É duro, mas naquele canto do mundo não há muito terreno para amabilidades, e, infelizmente, muita gente sofre de passagem. A expressão "danos colaterais" é cruel na sua frieza, mas verdadeira. É face a esta situação que a comunidade internacional não cumpriu as suas obrigações. Fechou os olhos à presença de milícias sírio-iranianas no Sul do Líbano, não se dispôs a fornecer reais garantias a Israel da sua segurança, para poder exigir o fim da ocupação dos territórios palestinianos com razoabilidade e sem risco para Israel. O último passo para a paz, a retirada unilateral da Faixa de Gaza, não foi acompanhada pelas devidas pressões sobre o Hamas para que mude de política face a Israel. Bem pelo contrário, a União Europeia, cuja política no Médio Oriente é claramente anti-israelita e por isso inútil para mediar qualquer coisa, continua a financiar a Autoridade Palestiniana controlada pelo Hamas. Os americanos dão uma última garantia de segurança a Israel, mas essa só funciona num ambiente de Armagedão, e a Bíblia e os seus apocalipses não são os melhores conselheiros. Até lá, e esperamos, sem necessidade de chegar lá (um conflito nuclear), Israel está sozinho e só pode contar consigo mesmo. Eles sabem muito bem disso, como Savimbi sabia. Ele perdeu tudo, os israelitas fazem tudo para que o mesmo não lhes aconteça. (No Público de 20/7/2006) 20.7.06
COISAS SIMPLES: A NOITE
(I. Levitan) PIRATARIAS 3 A pirataria ainda não está resolvida, mas está a ser investigada. Uma informação preciosa seria a de saber que outros blogues em português, ou casos recentes fora de Portugal, conheceram o mesmo problema. Até agora nos blogues portugueses no Blogger apenas se conhece o caso do Abrupto, o que parece indicar deliberada intenção e não ataque ao acaso como alguns se apressam a concluir. Exemplos portugueses seriam importantes para ajudar a compreender a pirataria e o seu carácter.
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 20 de Julho de 2006 Interessante e intrigante artigo de Ruben de Carvalho no Diário de Notícias: "A acompanhar uma amável entrevista com Francisco Louçã, o Expresso da passada semana publicou o que pretende ser o até hoje mais completo estudo sobre a realidade orgânica do Bloco, clinicamente aliás intitulado Radiografia do Bloco de Esquerda. Com direito a um pormenorizado mapa de Portugal, especificando os números bloquistas por distrito e regiões autónomas, de militantes e de votos nas legislativas de 2005. * O jornal Expresso publicou na sua última edição uma Radiografia do Bloco de Esquerda onde publicava uma pequena discrição sobre a implantação distrital do movimento, nomeadamente o seu número de militantes. No gráfico que acompanhava a notícia, podia ver-se que, em vários distritos, o Bloco parecia ter o mesmo número de filiados. Como é natural, essa informação poderá suscitar uma sensação de estranheza nos leitores, e por essa razão o Bloco entende prestar o seguinte esclarecimento. RETRATOS DO TRABALHO EM NOVA DELI, ÍNDIA
Na Índia, há um mês - homem ganhando a vida a pesar pessoas, com balança portátil. (Fernando Correia de Oliveira) MAIS CONTRIBUTOS PARA AS VINTE MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS 1.0 (2ª série) E é também no seguimento dos contributos para as vinte melhores obras de refererência em português que lhe escrevo.E mais um par delas: _ ANSELMO, António Joaquim [1977], Bibliografia das obras impressas em Portugal no século XVI, Lisboa. B.N. _ PEREIRA, Paulo (dir. de) [1995], História da Arte Portuguesa. Lisboa. Círculo de Leitores. _CARVALHO, Joaquim de [1947, 1948, 1949], Estudos sobre a Cultura Portuguesa dos séculos XV e XVI. _ Como complemento às Normas do Padre Avelino, servindo de treino paleográfico: COSTA, P. Avelino de Jesus [1997], Álbum de Paleografia e Diplomática portuguesas. Estampas. 6ª Edição. Coimbra. FLUC. _BRANDÃO, Fr. Francisco. [1976], Monarquia Lusitana. Ed. facsimilada. Lisboa. INCM. _ Não esquecer nunca: SERRÃO, Joel e MARQUES, A.H. de Oliveira (dir. de), Nova História de Portugal. Ed. Presença. _ CARDOSO, Pe. Jorge [1652], Agiologia Lusitana. _ Como expressão paradigmática do movimento de Erudição em Portugal, a obra orientada por Alexandre Herculano: Portugaliae Monumenta Historica a saeculo octavo post Christum usque ad quintumdecimun, jussu Academiae Scientiarum Olisiponensis edita, nova série. _ GODINHO, Vitorino Magalhães, Os Descobrimentos e a Economia Mundial. Ed. Presença.4 vols. _ FIGUEIREDO, Cândido de [1996], Grande Dicionário da Língua Portuguesa. 25ª Ed., 2 vols. _ De elevada utilidade, um guia fundamental de obras gerais, disciplinas documentais e outras disciplinas de incidência Histórica: REPERTÓRIO BIBLIOGRÁFICO DA HISTORIOGRAFIA PORTUGUESA. [1974-1994], FLUC, Inst. Camões. sandra costa * Noto que as obras de referência que têm entrado no Abrupto vão sempre para as mesmas áreas: filosofias, histórias, literaturas. Que tal meter um pouco de outra ciência nisso: Desenho Técnico, de Luís Veiga da Cunha, FCG Introdução à Análise Matemática, de Campos Ferreira, FCG (nuno de magalhães) * Três sugestões na área da ópera e do espectáculo: MOREAU, Mário - Teatro de S. Carlos : dois séculos de história. Lisboa : Hugin, 1999. 2 vol. ISBN 972-8534-50-5 Está lá tudo. Todos os concertos, todas as récitas, todas as óperas, todos os bailados, todos os cantores, todos os maestros, todos os bailarinos, todos os actores, todos os encenadores, todos os cenógrafos, todos, todos, todos. MOREAU, Mário - Cantores de ópera portugueses. Amadora : Bertrand, 1981. 3 vol. Também estão todos, do Séc. 18 até 1981. BASTOS, Sousa - Carteira do artista : apontamentos para a história do theatro portuguez e brazileiro acompanhados de noticias sobre os principaes artistas, escriptores dramaticos e compositores estrangeiros. Lisboa : Antiga Casa Bartrand - José Bastos, 1898 O autor era o marido da actriz Palmira Bastos. Um trabalho muito interessante que pretendeu ser exaustivo. Está organizado em jeito de efemérides e contém, no final, uma bibliografia e vários índices (actores portugueses e brasileiros, aderecistas, arquitectos e figurinistas, actores estrangeiros, beneméritos, cabeleireiros, cantores portugueses, companhias, contraregras, curiosidades, decretos, portarias, tratados e outros documentos, empregados diversos, dramas, comédias, tragédias, operas-cómicas, revistas e peças, empresários, ensaiadores, escritores e críticos, guarda-roupas, maquinistas, músicos, óperas e danças, pontos, cenógrafos, teatros e ainda um índice de gravuras). Uma preciosidade! Maria Clara Assunção * Eu juntaria: A Poesia dos Trovadores (Séculos XII-XV), selecção e prefácio de Vitorino Nemésio, edição do Instituto para a Alta Cultura, Lisboa, 1950. (Torquato da Luz) * Não sei se li todas as sugestões todas, mas pareceu-me que faltava esta: Portugaliae Monumenta Historica, fruto da enorme capacidade de trabalho e dedicação de Alexandre Herculano. (Maria Pereira Stocker) EARLY MORNING BLOGS 821 - Vinte mil réis mensais são uma vergonha social! - Então, realmente, aconselha-me que toque a campainha? Ele ergueu um pouco o chapéu, descobrindo a fronte estreita, enfeitada de uma gaforinha crespa e negrejante como a do fabuloso Alcides, e respondeu, palavra a palavra: - Aqui está o seu caso, estimável Teodoro. Vinte mil réis mensais são uma vergonha social! Por outro lado, há sobre este globo coisas prodigiosas: há vinhos de Borgonha, como por exemplo o Romanée-Conti de 58 e o Chambertin, de 61, que custam, cada garrafa, de dez a onze mil réis; e quem bebe o primeiro cálice, não hesitará, para beber o segundo, em assassinar seu pai... Fabricam-se em Paris e em Londres carruagens de tão suaves molas, de tão mimosos estofos, que é preferível percorrer nelas o Campo Grande, a viajar, como os antigos deuses, pelos céus, sobre os fofos coxins das nuvens... Não farei à sua instrução a ofensa de o informar que se mobilam hoje casas, de um estilo e de um conforto, que são elas que realizam superiormente esse regalo fictício, chamado outrora a «bem-aventurança». Não lhe falarei, Teodoro, de outros gozos terrestres: como, por exemplo, o Teatro do Palais Royal, o baile Laborde, o Café Anglais... Só chamarei a sua atenção para este facto: existem seres que se chamam Mulheres - diferentes daqueles que conhece, e que se denominam Fêmeas. Estes seres, Teodoro, no meu tempo, a páginas 3 da Bíblia, apenas usavam exteriormente uma folha de vinha. Hoje, Teodoro, é toda uma sinfonia, todo um engenhoso e delicado poema de rendas, baptistes, cetins, flores, jóias, caxemiras, gazes e veludos... Compreende a satisfação inenarrável que haverá, para os cinco dedos de um cristão, em percorrer, palpar estas maravilhas macias; - mas também percebe que não é com o troco de uma placa honesta de cinco tostões que se pagam as contas destes querubins... Mas elas possuem melhor, Teodoro: são os cabelos cor do ouro ou cor da treva, tendo assim nas suas tranças a aparência emblemática das duas grandes tentações humanas - a fome do metal precioso e o conhecimento do absoluto transcendente. E ainda têm mais: são os braços cor de mármore, de uma frescura de lírio orvalhado; são os seios, sobre os quais o grande Praxíteles modelou a sua Taça, que é a linha mais pura e mais ideal da Antiguidade... Os seios, outrora (na ideia desse ingénuo Ancião que os formou, que fabricou o mundo, e de quem uma inimizade secular me veda de pronunciar o nome), eram destinados à nutrição augusta da humanidade; sossegue porém, Teodoro; hoje nenhuma mamã racional os expõe a essa função deterioradora e severa; servem só para resplandecer, aninhados em rendas, ao gás das soirées, - e para outros usos secretos. As conveniências impedem-me de prosseguir nesta exposição radiosa das belezas que constituem o fatal feminino... De resto as suas pupilas já rebrilham... Ora todas estas coisas, Teodoro, estão para além, infinitamente para além dos seus vinte mil réis por mês... Confesse, ao menos, que estas palavras têm o venerável selo da verdade!... Eu murmurei, com as faces abrasadas: - Têm. (Eça de Queiroz, O Mandarim) * Bom dia! PIRATARIAS 2 Desde o momento em que a pirataria surgiu, ontem ao fim da tarde, não tive muito tempo para me dedicar ao assunto. Vou fazê-lo agora, começando por ler as mais de trezentas mensagens entretanto recebidas e que desde já agradeço. Desde o início da tarde que o Abrupto genuíno tem estado continuamente em linha, mas ,como não sei ainda o que realmente aconteceu, parto do príncipio de que o problema continua. Amanhã tratarei do assunto em mais detalhe, mas podem ter a certeza de que aconteça o que acontecer o Abrupto continuará. Não será por esta via que acabam com ele. 19.7.06
PIRATARIAS O problema continua. Quando acrescento uma nota nova ou refresco uma antiga, o falso "abrupto" desaparece, regressando mais tarde. Não penso ser um problema de password, visto que a mudei mal surgiu a pirataria e a anterior só pode ter sido "roubada" electronicamente. O conteúdo no Blogger parece intacto. Muito obrigada a todos que estão a dar-me sugestões para resolver o problema e identificar a origem.
18.7.06
INTERMITÊNCIAS O Abrupto continua a ser substituído intermitentemente por outro abrupto pirata. Alguém sabe se o mesmo está a acontecer a outros blogues do Blogger? * Suponho que isso poderá acontecer, mas só parcialmente
TENTATIVAS DE DEITAR ABAIXO O ABRUPTO
tem sido muitas e repetidas desde o início. Hoje durante algum tempo um outro Abrupto aparecia no mesmo endereço. Obrigado a quem me alertou. Vou ver se percebo o que aconteceu mas é certamente um caso de pirataria. RETRATOS DO TRABALHO NO BOMBARRAL, PORTUGAL
Bombarral, Festival do Vinho, Julho, 2006 (Mário Rui Araújo) MAIS CONTRIBUTOS PARA AS VINTE MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS 1.0 Colóquio dos simples e drogas e cousas medicinais da índia, de Garcia da Orta, Goa, 1563. Está disponível numa edição de 1963 da Academia das Ciências de lisboa. Na Europa da altura, e durante muito tempo, foi considerado O livro", a referência sobre a psicogeografia das drogas. Em certo sentido, é absolutamente actual ( veja-se o capítulo sobre o anfião, ou seja, o ópio). (Filipe Nunes Vicente) * Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e L. F. Lindley Cintra Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro/Porto 2001-Assírio & Alvim Dicionário Latino-Português, Francisco Torrinha Dicionário Português-Latim, Francisco Torrinha Teoria da Literatura, Vítor Manuel de Aguiar e Silva, Almedina Gramática Simbólica do Português, Óscar Lopes, Fundação Calouste Gulbenkian Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, José Pedro Machado Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, José Pedro Machado Dicionário da Lìngua Portuguesa, Porto Editora Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa, Magnus Bergstrom e Neves Reis Dicionário de Literatura, direcção de Jacinto do Prado Coelho, Figueirinhas Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa Novo Aurélio Século XXI: o Dicionário da Língua Portuguesa, 3.ª Edição História Crítica da Literatura Portuguesa, direcção de Carlos Reis, Verbo História da Língua Portuguesa, Paul Teyssier O Ritmo na Poesia de António Nobre, Luís Filipe Lindley Cintra, IN-CM História de Portugal, dir. de José Mattoso História Concisa de Portugal, José Hermano Saraiva Ditos Portugueses Dignos de Memória, José Hermano Saraiva Ao Contrário de Penélope, Jacinto do Prado Coelho Tratado de Versificação Portuguesa, Amorim de Carvalho Edoi Lelia Doura: antologia das vozes comunicantes da poesia moderna portuguesa, organização de Herberto Helder Dicionário Bibliográfico Português, Inocêncio Francisco da Silva Dicionário da Língua Portuguesa, António de Morais Silva (Dicionário de Morais) Retórica e Teorização Literária em Portugal: do Humanismo ao Neoclassicismo, Aníbal Pinto de Castro A Oratória Barroca de Vieira, Margarida Vieira Mendes Hélade: Antologia da Cultura Grega, Maria Helena da Rocha Pereira Romana: Antologia da Cultura Latina, Maria Helena da Rocha Pereira História da Literatura Portuguesa, António José Saraiva e Óscar Lopes Gramática da Língua Portuguesa, Maria Helena Mira Mateus et al., Caminho Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira da Cultura - Edição Século XXI, dir. de João Bigotte Chorão Lello Universal - Dicionário Enciclopédico em 2 Volumes Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa, org. e coord. de Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (Nelson B.) * Casanova - O Direito nas Revistas Portuguesas. Pesquisáveis por autor, por título, por assunto, por revista, por ramo do direito, estão lá todos, absolutamente todos, os artigos jurídicos publicados em revistas portuguesas (e não só revistas jurídicas), desde os finais do séc. XIX, até 1990. A obra não se vendeu e a Almedina desinteressou-se da sua actualização ou da sua conversão para uma base de dados on-line. Se fosse futebol... (Antónoio Cardoso da Conceição) * Duas sugestões na área da Filosofia: Logos. Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia (Verbo) História do pensamento filosófico português , dir. Pedro Calafate (Caminho ou Círculo de Leitores) (Pedro Valadares) * A sua leitora Isabel G recomendou-lhe a História da Igreja em Portugal, de Fortunato de Almeida, como obra de referência. Quer-me parecer que, dentro daquela área, serão talvez preferíveis a História Religiosa de Portugal e o Dicionário de História Religiosa de Portugal, ambos escritos sob a direcção de Carlos Moreira Azevedo. (José Carlos Santos) * Dicionário de autores de literaturas africanas de língua portuguesa / Aldónio Gomes, Fernanda Cavacas (Ed Caminho) Dicionário de pseudónimos e iniciais de escritores portugueses / Adriano da Guerra Andrade (ed. Biblioteca Nacional) Jornais e revistas portugueses do séc. XIX / Biblioteca Nacional Marquês de Pombal : catálogo bibliográfico e iconográfico / Comissão Organizadora das Comemorações do Bicentenário da Morte do Marquês de Pombal (ed. Biblioteca Nacional) A inquisição em Portugal (1536-1821) : catálogo da exposição organizada por ocasião do 1o Congresso Luso-Brasileiro sobre Inquisição / Biblioteca Nacional. (Ed. Biblioteca Nacional) (Isabel G)
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VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 18 de Julho de 2006 No Público de hoje, sem ligação, Vital Moreira escreve um artigo exemplar da "má fé" de que falavam Fernando Gil e Paulo Tunhas em Impasses: Quando um Estado, para responder a uma acção bélica inimiga, resolve atacar alvos civis, matar gente inocente a esmo, destruir estradas e pontes, portos e aeroportos, centrais eléctricas e bairros urbanos, isso tem um nome feio: terrorismo. No caso, terrorismo de Estado. Na vertigem da violência que é o interminável conflito israelo-palestiniano, Israel adopta decididamente a mesma lógica fatal de que acusa os seus inimigos, ou seja, transformar os civis em carne para canhão. É difícil fazer melhor (pior). * No Correio da Manhã, Ferreira Fernandes pergunta: George W. Bush merece sanção? * Dava um Prémio Nobel da Paz imediato, excepcional, automático a quem inventasse um mecanismo eficaz para "farejar" explosivos a uma certa distância. Não resolvia os imensos problemas do Iraque, mas ajudava muito. E seria uma homenagem irónica ao inventor dos explosivos modernos, o senhor Alfred Nobel. RETRATOS DO TRABALHO NO BOMBARRAL, PORTUGAL
Bombarral, Festival do Vinho, Julho, 2006. (Mário Rui Araújo) EARLY MORNING BLOGS 820 - As felicidades haviam de vir... Não posso negar, porém, que nesse tempo eu era ambicioso - como o reconheciam sagazmente a Madame Marques e o lépido Couceiro. Não que me revolvesse o peito o apetite heróico de dirigir, do alto de um trono, vastos rebanhos humanos; não que a minha louca alma jamais aspirasse a rodar pela Baixa em trem da Companhia, seguida de um correio choutando; - mas pungia-me o desejo de poder jantar no Hotel Central com champanhe, apertar a mão mimosa de viscondessas, e, pelo menos duas vezes por semana, adormecer, num êxtase mudo, sobre o seio fresco de Vénus. Oh! moços que vos dirigíeis vivamente a S. Carlos, atabafados em paletós caros onde alvejava a gravata de soirée! Oh! tipóias, apinhadas de andaluzas, batendo galhardamente para os touros - quantas vezes me fizestes suspirar! Porque a certeza de que os meus vinte mil réis por mês e o meu jeito encolhido de enguiço, me excluíam para sempre dessas alegrias sociais, vinha-me então ferir o peito - como uma frecha que se crava num tronco, e fica muito tempo vibrando! Ainda assim, eu não me considerava sombriamente um «pária». A vida humilde tem doçuras: é grato, numa manhã de sol alegre, com o guardanapo ao pescoço, diante do bife de grelha, desdobrar o «Diário de Notícias»; pelas tardes de Verão, nos bancos gratuitos do Passeio, gozam-se suavidades de idílio; é saboroso à noite no Martinho, sorvendo aos goles um café, ouvir os verbosos injuriar a pátria... Depois, nunca fui excessivamente infeliz - porque não tenho imaginação: não me consumia, rondando e almejando em torno de paraísos fictícios, nascidos da minha própria alma desejosa como nuvens da evaporação de um lago; não suspirava, olhando as lúcidas estrelas, por um amor à Romeu ou por uma glória social à Camors. Sou um positivo. Só aspirava ao racional, ao tangível, ao que já fora alcançado por outros no meu bairro, ao que é acessível ao bacharel. E ia-me resignando, como quem a uma table d'hôte mastiga a bucha de pão seco à espera que lhe chegue o prato rico da charlotte russe. As felicidades haviam de vir: e para as apressar eu fazia tudo o que devia como português e como constitucional: - pedia-as todas as noites a Nossa Senhora das Dores, e comprava décimos da lotaria. (Eça de Queiroz) * Bom dia! 17.7.06
COISAS DA SÁBADO: SOLIDÃO QUEM A TEM CHAMA-LHE SUA - UM LIVRO SOBRE AS PESSOAS SÓS A obra de José Machado Pais tem sido, de há muitos anos a esta parte, do melhor que nos deu a sociologia O último livro intitulado Nos Rastos da Solidão é um estudo sobre o quotidiano na grande cidade onde quase todos vivemos e a sua produção de solidão, de pessoas sós que se sentem sós, e sobre as estratégias de combate e de esquecimento dessa solidão. Compreende um conjunto de ensaios sobre os sem-abrigo, o consumismo, a velhice, o "desencanto", os emigrantes de Leste, os "animais de companhia". Dois estudos mostram os pólos opostos da solidão urbana, opostos social, etária e intelectualmente, mas nem por isso menos diferentes na solidão: as tabernas e os chats. Este livro deveria ser de leitura obrigatória para todos os que querem saber as linhas menos visíveis que se cosem nos centros comerciais, à noite diante de um computador, nos ajuntamentos de madrugada dos trabalhadores ucranianos para as obras, nas velhas dos gatos que em cada rua antiga são os alvos da ira popular. Os gatos, os cães e os pombos sujam tudo, mas sujam bastante menos do que estas solidões. A ler absolutamente. RETRATOS DO TRABALHO NO TIBETE
Pastora. (José Manuel Fernandes) CONTRIBUTOS PARA AS VINTE MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS 1.0 O Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal / Fernando de Pamplona ; pref. Ricardo do Espírito Santo Silva Diccionário histórico e documental dos architectos, engenheiros e constructores portuguezes ou a serviço de Portugal / coordenado por Sousa Viterbo Inventário artístico ilustrado de Portugal / José Correia de Azevedo Inventário artístico de Portugal / [ed.] Academia Nacional de Belas Artes História da igreja em Portugal / Fortunato de Almeida Nobiliário de famílias de Portugal / Manuel José da Costa Felgueiras Gayo História genealógica da casa real portuguesa / D. António Caetano de Sousa Portugal antigo e moderno : diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal e grande número de aldeias / Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho Leal Dicionário de expressões populares portuguesas / Guilherme Augusto Simöes Dicionário do cinema português 1962-1988 / Jorge Leitão Ramos Dicionário do teatro português / dir. de Luís Francisco Rebello Diccionario do Theatro portuguez / Sousa Bastos Dicionário de história da Igreja em Portugal / dir. de António Alberto Banha de Andrade Lello Universal : dicionário enciclopédico luso-brasileiro / José Lello e Edgar Lello Descripção geral e histórica das moedas cunhadas em nome dos reis, regentes e governadores de Portugal / A. C. Teixeira de Aragão (Isabel G) * Lombadas da Europa Portuguesa do Manuel de Faria e Sousa (fotos de Ana Gaiaz) * Uma sugestão para as "AS VINTE MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS 1.0" (só vinte serão suficientes?): Avelino de Jesus da Costa, Normas gerais de transcrição e publicação de documentos medievais e modernos, 3ª ed., Coimbra, 1993 Trata-se de um companheiro essencial para os Historiadores que queiram fazer um boa transcrição e edição de manuscritos medievais e modernos. E bem precisamos que essas transcrições e edições se façam, para acordarmos a nossa memória, adormecida no pó dos arquivos. (Paulo Agostinho) * Parecem-me certeiras as suas escolhas (desconhecendo, embora, duas ou três referências). Uma delas, porém, cuja selecção subscrevo inteiramente, apesar de conter inevitáveis erros e algumas omissões, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, é comentada como sendo “(…) o título singular mais útil para qualquer investigação sobre o período anterior aos anos cinquenta do século XIX”. Eu tenho a “Portuguesa e Brasileira” e penso que apenas por equívoco baliza a sua utilidade até ao período que refere. Na verdade parece-me mais correcto afirmar “anterior aos anos cinquenta do século XX”. [NOTA JPP: foi uma gralha que já está corrigida, é mesmo século XX.] Seja como for, é curioso reparar como muitas figuras do nosso burgo, quando entrevistadas em casa, fazem questão de se colocar para a fotografia, frente à estante onde a “Grande Enciclopédia” repousa. Já a vi no “lar” de muita gente “notável”. Esta recorrência comprova um mérito adicional da obra. Se há “lombadas” que dão caução cultural à nossa gente pública são estas, intermináveis e sólidas, imensas na latitude da estante, imponentes no seu vermelho e negro avivado a ouro. É como se se pudesse pensar: “Ah, este tem, este deve saber muito!”. Uma curiosidade complementar, a propósito das omissões: eu moro na Rua Damasceno Monteiro e, pesquisando na Net e noutras fontes, não descobri em lugar nenhum quem foi o senhor. Até que me lembrei da “Grande Enciclopédia”. “Estou safo”, pensei. Enganei-me. Foi o primeiro grande desapontamento que a minha “luso-tropical” (nome carinhoso com que é tratada lá em casa) me deu. Até hoje não sei quem foi o cidadão homenageado com o seu nome nesta extensa rua de Lisboa. (Manuel Margarido) Para o seu leitor Manuel Margarido, milagres do Google. * O Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses (dir. Luís de Albuquerque) o Índice Analítico do vocabulário de Os Lusíadas (dir. A. Geraldo da Cunha) o Dicionário de Camilo Castelo Branco (Caminho) o Dicionário de personagens da novela camiliana (Caminho) o Elucidário de Fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo os "dicionários" e repertórios de Sousa Viterbo (p. ex., Trabalhos náuticos dos Portugueses, ou o diconário dos artistas...) o Vocabulário ortográfico da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves (conquanto de 1940, é insuperável) o Tratado das alcunhas alentejanas, de Francisco Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva a Bibliografia Geral Portuguesa a "Tradução em Portugal", de Gonçalves Rodrigues o Dicionário Etimológico de J. Pedro Machado Nova gramática do Português contemporâneo, de Lindley Cintra e Celso Cunha a Biblos, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa o Dicionário de Literatura Portuguesa de A. Manuel Machado a Monarchia Lusitana de D. António Caetano de Sousa a Enciclopédia Verbo (nova edição) a Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado ... sem esquecer a Micrologia Camoniana, de João Franco Barreto, os Índices dos livros proíbidos em Portugal no século XVI (ed. Moreira de Sá) e a Bibliografia das obras impressas em Portugal no séc. XVI de António Joaquim Anselmo... E há mais. (Vasco Graça Moura) * Uma sugestão: dentro das obras de referência, uma há da minha área profissional que julgo que não só em Portugal, como também no estrangeiro, é reconhecida como obra marcante e invlugar, que é a recolha feita por grupos de arquitectos nos anos 50 sobre a Arquitectura Popular Portuguesa, então da Associação de Arquitectos e agora Ordem dos Arquitectos. É uma obra fundamental, nos seus textos, desenhos e fotografias porque feita num momento anterior ao inicio da urbanização desenfreada de Portugal com o advento da entrada do dinheiro dos portugueses da diáspora iniciada nos anos 60 e onde podemos assim conhecer coisas que mais do que da "arquitectura" são da "cultura" e "tradições" portuguesas. (Nuno Silva Leal) * (José Pimentel Teixeira) * E claro. Como me fui esquecer disto? Dicionário de literatura : literatura portuguesa, literatura brasileira, literatura galega, estilística, literária / dir. Jacinto do Prado Coelho (Isabel G.) O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: ENTRE ALVAREZ E O FISCO Estava eu já mergulhado na mais profunda alienação daquilo que se passou na semana passada (não sei porquê mas são coisas que me acontecem) e absolutamente rejuvenescido para os temas da actualidade desta semana (preocupa-me seriamente a crise do Médio Oriente), quando ao ler o seguinte excerto do seu texto sobre a exposição do pintor Domingos Alvarez na Gulbenkian se fez luz: «(...) foi Kafka que primeiro nos mostrou que os homens do século XX iriam ser assim, andando como John Cleese com passos de "silly walk", no meio de uma burocracia que lhes retira individualidade e poder». Assim, ainda a propósito das listas negras do Fisco, e depois de ter conversado sobre isto com uma amiga minha que é advogada, não deixei de me espantar quando ela me disse que em muitos casos de violação dos direitos dos cidadãos, o único factor de individualidade é o económico. Quer isto dizer que, apesar de em teoria os direitos existirem para todos, uma verdadeira informação e esclarecimento do cidadão e o acesso ao direito no sentido próprio e pleno da expressão, realmente quase só se verificam quando há dinheiro. Ou seja, se o contribuinte não tem recursos, não vai procurar ajuda para se informar e ser acompanhado... e as Finanças não vão esclarecê-lo de forma alguma porque quanto menos esclarecido estiver o contribuinte, mais fácil é para as Finanças fazer as coisas como lhe convém. Palavras dela. Por isso, parece-me bem real essa imagem dos homens, agora do século XXI, no meio de uma burocracia que lhes retira individualidade e poder. A quem não tem dinheiro. Pois. Porque quem tem vai ser sempre tratado pelo nome próprio. E assim caminhamos desgraçadamente, com os tais passos de "silly walk", num meio que cospe no prato que come. O episódio das listas negras do Fisco é demasiado simbólico. E acaba por estar em perfeita sintonia com o princípio orientador do nosso Governo que tudo o que decide nos apresenta como o único e inevitável caminho. É o que acontece quando nos deixamos levar pelas más companhias. Mais estúpidas do que ladras, na definição de Cipolla. (Ricardo S. Reis dos Santos) 16.7.06
RETRATOS DO TRABALHO EM JODHPUR, ÍNDIA
Mulher varrendo a rua em Jodhpur, no Rajastão. (Fernando Correia de Oliveira) DUAS LISTAS NEGRAS DO FISCO E NÃO UMA SÓ PEDRO ARROJA - NEM UMA , NEM DUAS, ZERO Sobre o tema "Duas listas negras para o fisco, e não uma só", eu gostaria de dar a minha contribuição (...) Um princípio - qualquer princípio -, é bom, não porque permita resolver todos os problemas associados à situação a que se aplica, mas porque permite resolver a maior parte deles e, sobretudo, porque permite evitar males que seriam ainda maiores. Neste sentido, o princípio do sigilo fiscal é, inegavelmente, um bom princípio. Basta pensar no que seria a vida em sociedade - se é que a vida em sociedade seria possível de todo - sem ele. O princípio do sigilo fiscal não foi concebido como instrumento para proteger contribuintes faltosos, por isso, a sua revogação não será nunca um instrumento eficaz para os penalizar. Pelo contrário, a revogação deste princípio, conduz ao processo que você próprio desencadeou: o Estado propõe-se divulgar a lista dos contribuintes faltosos (primeira violação) e você propõe também que se divulgue a lista dos serviços do Estado que estão em falta para com os cidadão (segunda violação); vem depois um leitor seu pedir que se divulgue a lista das dívidas do Estado para com os advogados que prestam apoio judiciário (terceira violação). Quando este processo estiver terminado, existirão argumentos, todos eles perfeitamente racionais, para que se divulgue a lista dos cidadãos que devem aos Bancos, aos supermercados, aos senhorios e aos padeiros, dos pais que devem aos filhos e dos maridos que devem às mulheres. Pergunto-lhe se acha possível viver numa sociedade assim. Na minha opinião, o número óptimo de listas negras não é uma nem, muito menos, duas. É zero. (Pedro Arroja) MAIS SOBRE DOMINGUEZ ALVAREZ: UM QUADRO DE UMA COLECÇÃO PRIVADA RARAMENTE VISTO Por gentileza de C. Medina Ribeiro, esta "Rua de Sto. Ildefonso", óleo sobre tela, sem data, 18x22 [cm], pertencente a uma colecção privada, que só esteve exposto uma única vez. AS VINTE MELHORES OBRAS DE REFERÊNCIA EM PORTUGUÊS 1.0 [NOTA: lista inicial, ainda incompleta, por ordem alfabética, esperando sugestões e debate. Irei colocando versões posteriores e, por fim, uma lista definitiva que revisitarei ano a ano.] ["O" dicionário de português.]* Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira [Do alto dos seus mais de quarenta volumes, continua a ser o título singular mais útil para qualquer investigação sobre o período anterior aos anos cinquenta do século XX e uma massa gigantesca de informação, muita desactualizada no plano científico. mas mesmo assim indispensável.]* Instituto Português do Livro e da Leitura, Dicionário Cronológico de Autores Portugueses [Impossível de encontrar, com volumes esgotados há muito, elaborado com um critério de entradas cronológico que torna difícil a consulta, os seus defeitos não bastam para sobrepor-se à qualidade de ser a melhor colecção de biografias literárias - e quase toda a gente escreveu alguma coisa que justifique a entrada - existente.]* A. Campos e Matos, Dicionário de Citações de Eça de Queiroz * A. H. de Oliveira Marques / João José Alves Dias, Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar Português * Carlos Alberto Medeiros (Direcção), Geografia de Portugal * Maria de Lourdes Modesto, Cozinha Tradicional Portuguesa
* Maria Filomena Mónica (Coordenação), Dicionário Biográfico Parlamentar [ Uma das "mães de todas as genealogias".]* António Nóvoa (Org.), Dicionário de Educadores Portugueses * João Figueiredo Pereira / José Ferreira Vicente, O Valor do Livro Antigo [Embora seja um livro destinado ao mercado livreiro alfarrabista a qualidade da sua execução e massa de informação recolhida tornam-o indispensável para o estudo do livro em Portugal.]* Daniel Pires * Raul Proença e outros, Guia de Portugal [O velho guia da Gulbenkian continua a ser uma obra ímpar, cada vez mais para sabermos como Portugal foi. A qualidade de muitos dos seus textos ainda acentua mais esse aspecto de retrato do passado, talvez a última vez que o Portugal rural e interior foi descrito ao pormenor antes de desaparecer.] * Público, Livro de Estilo [Uma obra monumental, de uma vida inteira, ordenada por critérios antiquados e caóticos, de muito difícil consulta, mas mesmo assim sem par para produção bibliográfica até ao século XIX. ] * Estas são as minhas sugestões:
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 16 de Julho de 2006 No número de Julho da dois artigos que valem a pena. Um, "Why are we obsessed with Shostakovich?"; o outro sobre o concerto da Boston Symphony Orchestra, em 18 de Janeiro de 1973, em que foi tocada a peça Four Organs de Steve Reich, a que só faltou pancadaria na sala. Um dia será interessante estudar por que razão os melómanos são tão dados ao tumulto. Lenine parece que disse que quando tinha que tomar decisões difíceis não queria ouvir música que o punha "mole". Outros são wagnerianos e sonham com a cavalaria alada para dizerem "I love the smell of napalm in the morning." Não sei em que ficamos. * Em 1913, em Viena, num concerto com a Kammersymphonie No. 1 de Schönberg, não faltou pancadaria na sala! Reacções apaixonadas... Um caso, num certo sentido inverso, é o de Freud, que parece que, quando uma banda tocava num dos coretos de Viena, imediatamente se afastava furibundo: dizia ele que detestava emocionar-se sem perceber porquê... RETRATOS DO TRABALHO EM ISRAEL
Agricultores. (José Manuel Fernandes) EARLY MORNING BLOGS 819 - Vento sulla mezzaluna .......................................Edimburgo Il grande ponte non portava a te. T’avrei raggiunta anche navigando nelle chiaviche, a un tuo comando. Ma già le forze, col sole sui cristalli delle verande, andavano stremandosi. L’uomo che predicava sul Crescente mi chiese «Sai dov’è Dio?». Lo sapevo e glielo dissi. Scosse il capo. Sparve nel turbine che prese uomini e case e li sollevò in alto, sulla pece. (Eugenio Montale) * Bom dia! 15.7.06
COISAS DA SÁBADO: A exposição não está num dos espaços mais nobres da Gulbenkian , com luz e árvores ao fundo. Está numa cave ao lado dos auditórios. E, num certo sentido, esta escolha menor pareceu-me muito apropriada para exibir aquilo que é a mais completa exposição de Domingos Alvarez, o pintor galego do Porto. Aqueles quadros e desenhos, todos de muito pequena dimensão, cabem bem nos fundos da Gulbenkian e o seu mundo sinistro ainda cabe melhor. Alvarez é daqueles pintores que parecem dar razão à negação do biografismo que os estruturalistas exigiam. Vamos para a biografia, aos tempos e aos sítios, e os quadros parecem mais triviais, cenas de pequenos entes à porta de tabernas, bêbados, cangalheiros, escriturários tristes em roupa que já não se usa. Este mundo estava à porta de casa de Alvarez, e ele pintou-o como ele estava. Mas quero lá saber da verosimilhança, é em Kafka que penso a ver os quadros de Alvarez, é em coisas universais, muito longe das ruas interiores do Porto que ele retratou, das tabernas e das fábricas, dos moinhos de Castela, da morrinha galego-minhota que parece estar a cair nalgum lado, mesmo quando os seus gnomos trazem guarda-chuva. Também pouco me cuida que Alvarez fosse culto ou não, que a sua pintura e os seus desenhos reflectissem uma história da pintura, um expressionismo irónico, ou um minimalismo trágico ou coisa nenhuma, uma espontaneidade genial e bruta. Não quero de todo saber, pelo menos para já. Quero ver. A pintura de Alvarez não é ingénua é metafísica. Aqueles homenzinhos patéticos, reduzidos a símbolos torturados ou hirtos são os homens do século XX, mais números do que homens, mais ícones do que homens, mais vírgulas e pontos numa paisagem do que coisas que agem. Por isso, volto a Kafka, porque foi Kafka que primeiro nos mostrou que os homens do século XX iriam ser assim, andando como John Cleese com passos de "silly walk", no meio de uma burocracia que lhes retira individualidade e poder. RETRATOS DO TRABALHO EM GDANSK, POLÓNIA
Fotojornalistas. (José Manuel Fernandes) NUNCA É TARDE PARA APRENDER: UM CASAL No livro de Peter-Cornell Richter, Georgia O'Keeffe and Alfred Stieglitz, uma das mais expressivas fotografias de um casal. EARLY MORNING BLOGS 818 - Mélange adultère de tout En Amerique, professeur; En Angleterre, journaliste; C'est à grands pas et en sueur Que vous suivrez à peine ma piste. En Yorkshire, conferencier; A Londres, un peu banquier, Vous me paierez bien la tête. C'est à Paris que je me coiffe Casque noir de jemenfoutiste. En Allemagne, philosophe Surexcité par Emporheben Au grand air de Bergsteigleben; J'erre toujours de-ci de-là A divers coups de tra la la De Damas jusqu'à Omaha. Je celebrai mon jour de fête Dans une oasis d'Afrique Vêtu d'une peau de girafe. On montrera mon cénotaphe Aux côtes brûlantes de Mozambique. (T.S.Eliot) * |